Canguçu, sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Vereadores causam polêmica em discursos na Câmara de Canguçu

Após a última sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Canguçu, realizada na segunda-feira (5), diversas pessoas se posicionaram contrárias ao discurso do vereador Silvio Neutzling (MDB), que criticou alguns critérios de vacinação contra a covid-19 no município. Na ocasião, o mesmo questionou o fato de que será vacinado após pessoas mais jovens, pertencentes aos […]


Após a última sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Canguçu, realizada na segunda-feira (5), diversas pessoas se posicionaram contrárias ao discurso do vereador Silvio Neutzling (MDB), que criticou alguns critérios de vacinação contra a covid-19 no município.

Na ocasião, o mesmo questionou o fato de que será vacinado após pessoas mais jovens, pertencentes aos quilombolas. O vereador Silvio Neutzling (MDB) ainda não emitiu explicações públicas sobre o episódio. Confira o discurso completo:

“Às vezes falam em discriminação, falam isso e falam aquilo em discriminação. Agora eu vou dizer pra vocês o que é discriminação, eu tô me sentindo discriminado e se alguém achar que não é assim que me prove o contrário.
Eu, com 62 anos, não tenho direito à vacina, agora, os ‘quilombo’ com 18 têm direito à vacina, isso é discriminação. Não tão trabalhando pra ter direitos iguais? Onde estão os direitos iguais? Onde estão os meus direitos?

Isso que eu lamento, eu acho que a gente tem que agarrar e ser tudo a mesma coisa, sempre trabalhei pelos direitos iguais. Se eu tenho 60, os quilombos que têm 60 eu acho que tem que ser parelho, tem que ser igual.

Então, eu não sei por que eles desviam isso aí, acho que todo mundo, pra mim, é igual, não importa a raça, não importa a cor, não importa nada. Então se a faixa etária começa dos 80, 90, vem descendo, vamos descendo parelho, vamos todo mundo ser igual, isso que eu trabalho, isso que eu defendo.

Agora, não defendo um ser mais que os outros, pra mim todo mundo é a mesma coisa, somos de carne e osso, temos sangue, somos filhos do mesmo pai, pra mim, eu me sinto até, nessas alturas, discriminado.

Recentemente, em uma sessão realizada no dia 18 de janeiro, um episódio semelhante aconteceu em discurso do vereador Francisco Vilela (Progressista). Ao questionar algumas restrições impostas pela pandemia de coronavírus, o parlamentar dividiu opiniões ao avaliar a possibilidade de professores terem prioridade na imunização contra a covid-19.

“Esse governadorzinho querer se meter que vai comprar a vacina, pra aparecer, cambada de ladrão, porque quem paga toda a conta, vira e mexe, é o governo federal. O que seria dos estados se não fosse o governo federal? Esse ‘carcinha’ não menos apertada, aqui do estado, tá aí dando uma de bonito, não conseguia pagar a folha dos professores, pagou graças à covid. O dinheiro que ele tem nos cofres tem que agradecer essa covid.

Eu finalizo dizendo o seguinte, isso (pandemia) é muita conversa fiada, com essa bobageira (máscara), esse trapo, tu chega num restaurante com essa bobageira, aí na hora de comer a inteligência é rara do vírus, conversa tranquilo com os teus amigos na mesa que o vírus não tá agindo, ele não te pega. Isso é uma palhaçada (máscara), a doença existe? Existe! É perigosa? É muito perigosa! Temos que se cuidar? Temos! De que forma? Quem é doente se cuida, quem é velho que não saia na rua, que tenha critério! Agora, gente nova em casa? Funcionário público em casa, sem trabalhar? Novos, que não trabalham!

Como eu digo pra minha própria filha da prefeitura, hoje, tá lá ajudando a cuidar da mãe que, infelizmente, tá ruim, ‘a gente folga um dia, trabalha outro’. Isso é uma vergonha pra um pedreiro, pro servente de pedreiro, pra quem vive passando fome. Isso é uma vergonha, ficar em casa!

Quando falei, vereador Diego, tenho um profundo respeito pelo senhor, pela sua família, enfim, e vou lhe respeitar como homem e como vereador. Quando falei, falei brincando, mas é verdade, vacinar professor? O pessoal tá em casa! E tão recebendo salário graças à covid, que o Eduardo Leite anda mais enredado que cusco em tiroteio. Falava bonito, me iludi com aquele rapaz, que não sei se é rapaz, me iludi! Votei, é da região, vai melhorar a região, vou votar e a minha mulher dizia ‘vota no gringo’, teimei com a mulher. Um aviso, escutem suas mulheres, não teimo mais com a minha!”

Após a repercussão de sua primeira fala, o caso foi avaliado como negativo pelo Sindicato dos Municipários de Canguçu (SIMCA). A instituição, ainda, emitiu nota de repúdio sobre a posição do parlamentar.

Em relação ao fato, Xico Vilela, como é conhecido, comentou em seu discurso na segunda-feira, realizado na tribuna, sobre o processo contra ele no Ministério Público por conta do episódio. O teor do documento será lido em plenário na noite desta quinta-feira (8).

Ambos os momentos protagonizados pelos vereadores foram ao encontro da temática relacionada aos critérios de vacinação do município. Nas duas situações, diversos canguçuenses teceram críticas ou apoiaram os mesmos nas redes sociais.