Canguçu, sábado, 23 de novembro de 2024
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Francisco Coelho: As campanhas e a retirada da vacina da febre Aftosa

A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre e, em seguida, provoca o aparecimento de aftas, principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido. A doença afeta bovinos, ovinos, suínos e caprinos, sendo causada por um vírus, altamente contagioso, que está presente em grande quantidade na saliva, no leite, […]


A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre e, em seguida, provoca o aparecimento de aftas, principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido. A doença afeta bovinos, ovinos, suínos e caprinos, sendo causada por um vírus, altamente contagioso, que está presente em grande quantidade na saliva, no leite, nas fezes e até no sangue dos animais contaminados.

O principal efeito da febre aftosa é comercial. A ocorrência da doença impõe barreiras ao comércio de produtos de origem animal e ainda afeta o comércio com novos mercados.

No Brasil o último foco de febre aftosa ocorrido fora no ano de 2006 no estado do Mato Grosso do Sul e hoje na América do Sul ainda existem focos desta enfermidade na Venezuela.

Já no Rio Grande do Sul em abril de 2000, depois de seis anos e quatro meses sem ocorrência da doença, o estado decidiu suspender a vacinação contra a febre aftosa em busca do status de área livre da enfermidade sem vacinação. Em agosto, porém, surgiu na cidade de Jóia o primeiro dos mais de 20 focos que se espalharam pela região noroeste do estado.

O último foco registrado no RS foi em 2001 nos municípios de Santana do Livramento, Alegrete, Dom Pedrito e Rio Grande levando ao sacrifício de pelo menos 11.000 cabeças de gado. No mesmo ano de 2001 o estado decidiu por retornar a vacinação, situação esta que perdura até hoje (2018).

Em abril de 2018 o Brasil foi reconhecido como país “livre com vacinação” pela OIE – Organização Internacional de Epizootias, órgão mundial de controle de doenças dos animais.

FEBRE AFTOSA EM CANGUÇU
Já no município de Canguçu não houve focos de febre aftosa nestas ocasiões embora houvesse a proximidade com os focos de Rio Grande. Nestes últimos 8 anos, os índices vacinais (porcentagem de animais vacinados frente ao rebanho total do município) tem sido sempre acima dos 95%, valor este preconizado pela OIE para um prevenção a introdução e disseminação da doença.

No ano de 2017 o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento cria um plano estratégico para a suspensão completa da vacinação no país e o reconhecimento internacional de país livre de febre aftosa sem vacinação até 2023.
O Rio Grande do Sul está no bloco V que engloba MT, MS, PR, SC e RS com previsão de aquisição do status em 2023.

Após intensos trabalhos e discussões o RS solicitou ao MAPA a antecipação da retirada da vacina para 2019. O MAPA por sua vez informou que apenas após uma série de auditorias no serviço de defesa agropecuária do RS poderia estudar tal demanda, hoje ainda estamos neste ponto.

Duas das questões mais preponderantes para essa antecipação é qual medida é tomada com os produtores inadimplentes (aqueles que não vacinam seus animais) e o georreferenciamento das propriedades rurais.

Quanto aos inadimplentes, infelizmente, campanha após campanha ainda existem produtores que, por um motivo ou outro, não vacinam seus animais e como consequência acabam sofrendo punições severas (infrações e multas) por parte da SEAPI – Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, órgão executor de defesa sanitária animal do RS.

Já o Georreferenciamento das propriedades é uma importante ferramenta para o controle efetivo de doenças, pois através dele uma propriedade pode ser localizada através da imagem de satélite e em um caso de um foco de febre aftosa serve para estabelecer estratégias de controle e combate desta enfermidade.

Em nosso município cerca de 75% a 80% das propriedades já foram georreferenciadas, trabalho este que também serviu para transformar inúmeros produtores informais (aqueles que possuem animais mas não possuem nenhum registro junto a SEAPI-RS) em produtores registrados e totalmente legalizados.

Enfim, concluímos que a vacinação contra a febre aftosa e todas as várias medidas aplicadas pelo MAPA e SEAPI-RS em nosso estado e município contribuem de forma fundamental para o avanço do status sanitário e a obtenção do comércio de produtos de origem animal para os mercados mais exigentes do mundo, elevando assim a renda dos nossos produtores.

Vacine seu rebanho e informe a Inspetoria de Defesa Agropecuária em casos de aparecimento de algum dos sintomas da Febre Aftosa.