Turismo patrimonial: conheça 5 pontos para se recordar a história de Canguçu
Canguçu foi o 22º município gaúcho a ser criado, por desmembramento do de Piratini. Da fundação portuguesa do Rio Grande do Sul em 1737, com o desembarque do Brigadeiro Silva Paes na cidade do Rio Grande atual, e até a criação do município de Canguçu em 1857, decorreram 120 anos. Há alguns anos, o município vem investindo […]
Canguçu
foi o 22º município gaúcho a ser criado, por desmembramento do de Piratini. Da fundação portuguesa do Rio Grande do Sul em 1737, com o desembarque do Brigadeiro Silva Paes na cidade do Rio Grande atual, e até a criação do município de Canguçu em 1857, decorreram 120 anos.
Há alguns anos, o município vem investindo no setor de turismo e entre as ramificações deste departamento, existe o turismo patrimonial. Para lembrar alguns dos lugares que carregam a história dos canguçuenses, confira cinco pontos para se recordar o passado da Princesa dos Tapes.
1- Cacimba do Ouro
Construída em forma de forno com uma torneira, sua água provém de fontes localizadas no cerro que lhe fica próximo. Juntamente com a cacimba da Prata e do Ferro, garantiram o abastecimento de água a população até o ano de 1966, quando ficou concluída a hidráulica pela CORSAN. Localiza-se ao final da rua Franklin Máximo Moreira.
Quando a comunidade de Canguçu começou a se formar não havia água encanada nas residências. Os moradores construíam poços ou algibes junto às suas casas para seu abastecimento. Mas, nem todos tinham essa possibilidade, por isso surgiram cacimbas, em pontos estratégicos, que abasteciam as moradias conforme suas necessidades. Surgiram então os AGUADEIROS, pessoas que tinham por profissão carregar água para fornecer a domicilio.
Duas cacimbas se tornaram famosas:
Cacimba da Prata: edificada em 1902 pelo intendente Coronéis Hipólito da Silva, hoje já extinta.
Cacimba do Ouro: esta cacimba quando desativada, passou por reformas, sendo preservada pela municipalidade para lembrar de seu passado.
2- Pedra das Mentiras
Pela estrada que vai a Piratini, distante uns 10 km da nossa cidade, encontra-se um conjunto de pedras que tem, preso a si, uma tradição que lhe impôs o nome “Pedra das Mentiras” que perdura ainda hoje. Duas lendas correm sobre o seu nome.
Diz a primeira lenda: Quando Canguçu era apenas uma Capela, as festas maiores faziam-se em Piratini. Partiam para lá numerosas comitivas, que faziam paradas pelo caminho. Uma dessas paradas era junto aquele grupo de pedras que ofereciam comodidade.
Enquanto tomavam chimarrão e o churrasco assava, palestravam. E dessas conversas surgiam casos exagerados, intrigas, gaiatices, burlas, que pouco eram levadas a sério.
Com o passar do tempo, por não serem verdadeiros muitos dos casos contados ali, o local passou a ser chamado de Pedra das Mentiras.
Diz a segunda lenda: Dois estancieiros, à sombra da pedra maior, firmaram um negócio de grande responsabilidade. Um emprestou dinheiro ao outro, que deixou empenhada a palavra de que devolveria o dinheiro num certo prazo. Passado algum tempo, o estancieiro procura por seu amigo que, descaradamente, se desdisse, alegando não lembrar quando, nem onde, lhe prometera alguma coisa. Foi então que o lesado disse que ela mentira, junto aquela pedra que era testemunha.
O estancieiro esperto havia procurado este local, justamente porque ali se dizia, conforme o próprio nome “Pedra das Mentiras”, não era digno de crédito.
3- Monumento ao Imigrante
O Monumento ao Imigrante – ou ‘Monumento ao Colono’, como é popularmente conhecido foi inaugurado em 22 de julho de 1979 em homenagem ao colono imigrante alemão e pomerano que, com seu trabalho na agricultura, contribuem para o desenvolvimento de Canguçu que é considerado a Capital da Agricultura Familiar com cerca de 14 mil pequenas propriedades rurais.
Num período em que a mecanização das lavouras alcançou também as pequenas propriedades, observar a imagem de uma mulher semeando manualmente a terra enquanto um homem conduz o arado puxado por bois é como um recorte no tempo. A cena rural, típica do interior de Canguçu com o maior número de pequenas propriedades na América Latina, está eternizada no Monumento ao Imigrante – ou ‘Monumento ao Colono’, como é popularmente conhecido.
Construído em alvenaria, com detalhes em azulejo e lantejoulas de cerâmica, a homenagem aos primeiros imigrantes chama logo a atenção de quem chega à cidade. A estrutura foi erguida na avenida 21 de Abril, próximo ao trevo de acesso a Canguçu. O local está cercado pela praça Hilmar Nornberg Pinz.
Projetado e executado por Hildo Paulo Müller, a obra foi inspirada num monumento semelhante, instalado em Santa Cruz do Sul. A iniciativa canguçuense, porém, trouxe algumas inovações significativas. Uma delas foi à inclusão da mulher trabalhadora rural semeando a terra, numa referência à tradição pomerana, onde o trabalho na lavoura é uma atividade partilhada pelo casal.
O monumento
Apresenta a figura de um lavrador com arado puxado por uma junta de bois, simbolizando a agricultura familiar de forma rudimentar e manual, como no início da colonização. Outra figura masculina – com um cesto – tem dupla representação: o cesto serve tanto para o transporte de sementes como para recolher os produtos da lavoura. Uma figura feminina, um pouco curvada, representa o plantio manual e a participação da mulher na economia de base familiar. Ao fundo, as planícies e morros exemplificam o relevo do município.
4- Clube Harmonia
O Clube Harmonia fundado em 14 de novembro de 1896, por vinte e oito sócios fundadores, recebeu o nome de Harmonia para “harmonizar” a família canguçuense dividida entre republicanos e maragatos devido a Revolução Federalista de 1893.
O Prédio é um Palacete construído em estilo Renascença, que por muito tempo foi residência da família Cunha. Tornando-se sede do Clube em 1936 e atuando até hoje no local.
Hoje o Clube vem sendo utilizado para uma variedade de eventos, como casamentos, aniversários e baladas.
5- Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa
O Museu Municipal de Canguçu foi fundado em 15 de dezembro de 1972. O ato oficial de criação é de 1983 quando recebeu da Câmara de Vereadores, a denominação de Capitão Henrique José Barbosa.
O Museu Municipal Capitão Henrique José Barbosa nasceu da vontade da Museóloga e Pesquisadora de História de Canguçu, Professora Marlene Barbosa Coelho.
Desde cedo Marlene começou a buscar a verdade sobre a história de Canguçu, pela via do patrimônio histórico comunitário. Em cada lugar, em cada família, na qual ela chegava, questionava, analisava, ia no mais fundo do ser e sempre encontrava algo que era importante para montar a história de Canguçu.
Não havia espaço disponível para armazenar as coisas que ela selecionava e enquanto lutava para conquistar um local para expor seus artefatos históricos , guardava tudo em sua própria casa, dentro e fora de seu guarda-roupas, na sala, no quarto, onde sobrava um espaço, ali se encontrava mais uma peça ou um documento para o “Seu Museu” como era chamado pelos colegas.
Graças as suas inúmeras viagens ao interior em busca de resquícios da civilização indígena em tempos remotos em nosso Canguçu é que hoje podemos ver estes artefatos em exposição no Museu Municipal.
O museu conta hoje com um acervo de 1756 objetos, além disso o museu conta com arquivo histórico, possibilitando a pesquisa tanto em jornais, como fotografias, documentos e publicações, que mantém viva a história não só da cidade como a da região.
O objetivo do Museu Capitão Henrique José Barbosa é a preservação do nosso patrimônio histórico como um todo. Ele fica localizado na Casa de Cultura – Palacete construído em estilo neoclássico, construído pela de Horácio da Cruz Piegas em 1879.
O Museu Histórico tem seu acervo, origem inicial das doações de Marlene Barbosa Coelho. Hoje possui, além de objetos, jornais e documentos que contam a vida de Canguçu, Rio Grande do Sul e Brasil, de origem de diversos doadores e colaboradores.
Fonte: Roberta Pereira / Prefeitura Municipal