Canguçu, domingo, 24 de novembro de 2024
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Liziane Stoelben: 5 excelentes séries brasileiras

Por Liziane Stoelben Mais um final de semana está aí e não poderia deixar de trazer novidades para este Sábado Cultural. Pensando em enaltecer as produções brasileiras, separei 5 opções obrigatórias para todo “seriemaníaco” assistir. São produções nacionais de altíssimo primor que valem cada segundo. Confira as dicas dessa semana. 1- Sob Pressão Essa série […]


Por Liziane Stoelben

Mais um final de semana está aí e não poderia deixar de trazer novidades para este Sábado Cultural. Pensando em enaltecer as produções brasileiras, separei 5 opções obrigatórias para todo “seriemaníaco” assistir. São produções nacionais de altíssimo primor que valem cada segundo. Confira as dicas dessa semana.

1- Sob Pressão

Essa série tem uma sinopse bem básica e pouco cativante: um grupo de médicos que vive diariamente situações relacionadas às suas profissões enquanto lidam traumas e problemas pessoais do cotidiano. Parece simples, né? Mas eu juro para vocês que essa história tem muitas e muitas camadas.

Traz muito da nossa realidade brasileira, os problemas de infraestrutura que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta. Mas o destaque mesmo são os médicos, sabe quando a gente percebe que uma pessoa é feita para aquilo? Então, esses médicos são excelentes, dedicados, humanitários e cheios de tentativas para o hospital continuar funcionando.

Cada episódio conta uma história diferente, em todos eles, aparecem os problemas que um hospital pode sofrer, desde estruturais até corruptíveis. Mas sendo sincera, é mais do que uma simples série, toca o coração de verdade! Por isso, deixo essa indicação valiosíssima para quem tem vontade de assistir uma séria cativante e brasileiríssima.

2- Segunda Chamada

Uma escola periférica que abriga alunos de diversas realidades sociais distintas. Sob o olhar mais amplo, os estudantes de EJA assistem às aulas como uma fuga de suas realidades vulneráveis, precárias e insolúveis. Essa é a idade de Segunda Chamada, fazer refletir sobre o outro lado de quem não conseguiu estudar.

Tem todo tipo de aluno, especialmente quem não teve a oportunidade de estudar no tempo certo. Da idosa que sonha em ter um diploma ao motoboy que dorme na escola por conta de sua excessiva carga horária de trabalho. São realidades de vidas muito difíceis, pessoas condenadas a desistirem de seus sonhos que se agarram em uma única chance existente: os estudos.

3- Coisa Mais Linda

Uma verdadeira jornada de autoconhecimento feminino nos anos 50. A personagem principal vive uma vida totalmente condizente a maioria das mulheres daquele tempo, uma moça conservadora e completamente dependente dos homens de sua vida: o pai e o marido. Tudo muda quando ela se muda para outra cidade em busca dos sonhos do marido.

Com o desenvolvimento da trama, ela conhece novas mulheres, com perspectivas de vida diferentes e começa a buscar pelos seus próprios objetivos. Ela se questiona sobre o papel da mulher na sociedade e busca investir em sua carreira na música. Tudo indo contra o sistema, mas de uma forma tão simples e divertida que dá gosto de ver. Mais uma baita indicação!

4- Irmandade 

Se existe uma produção capaz de apresentar os problemas diários de uma penitenciária é essa. Na verdade, Irmandade é o nome de uma facção criada com o objetivo de buscar por melhores condições de existência humana para os apenados. Mas por trás desse lema, muitas mortes, vendas de drogas e crimes são guardados.

Cansa, né? Cansa essa repetição enfreada de filmes brasileiros que só falam de violência, mas gente, a arte imita a vida, não? Em Irmandade não é diferente, tudo se volta para situações despóticas vivenciadas dentro de uma organização criminosa.

Mas deixa eu falar uma coisa bem séria aqui: a nossa realidade pode ser diferente por estarmos em uma situação de privilégio, mas quem vive dentro de uma cadeia, especialmente no Brasil, consegue sentir muitas faltas básicas. Palavras como “cagoetar”, que significa enganar o grupo, “ratoeira” (presídio) e “rata” (pessoa traíra) são comuns no dia a dia dos personagens.

5- Sessão de Terapia 

Sou suspeita para falar sobre essa série porque gosto de conhecer os aspectos da mente das pessoas, a psicologia é realmente uma área fascinante. Mas essa trama, em específico, cativa demais. Cada história, cada episódio um tema e uma porção de problemas dos quais os personagens vivem e sequer entendem como problema.

Sem contar que a direção é do maravilhoso Selton Mello, que além de dirigir as primeiras temporadas, ele ainda atua. Sério, não tem como deixar passar essa série. E olha que ela ficou esquecida por muitos anos, só agora foi, finalmente, “descoberta” pelo grande público.

  • Por que esse tema?

Sempre fui apaixonada por séries e filmes, mas existia em mim um certo receio com séries/produções brasileiras. O “porquê” disso nunca soube. Lembro como se fosse hoje, estava no meu estágio e comentei com a minha chefa que gostaria de assistir uma determinada série brasileira e enfatizei “ah, mas essa nem parece ser brasileira” e ela me perguntou por que motivo não parecia. Me questionei e percebi que era um preconceito bobo que sequer sabia de onde vinha.

Foto: arquivo pessoal

A partir desse dia em diante, sempre presto atenção nas obras nacionais, vejo algumas melhores e outras nem tanto, mas me sinto muito feliz em ter superado essa barreira. Hoje, gosto muito de enaltecer o que é produzido no Brasil. E, sim, muitas vezes o orçamento de um filme produzido em nosso país é menor do que de grandes estúdios norte-americanos, mas quanto mais valorizarmos o que temos de bom, melhores serão as chances de termos mais e mais coisas.

A cultura vive uma constante desvalorização em diversos sentidos, mas sem ela, não sobreviveríamos. Não é de hoje que o entretenimento está entre nós, talvez eu nem saiba quando tudo começou (quem for especialista entende disso, não é meu caso, sou jornalista somente).

Enfim, acho muito importante valorizarmos a nossa cultura, tão rica e bonita, e conhecer mais sobre aspectos que esse brasilzão tem pra nos mostrar. E, claro, semana que vem tem mais!