Geisa Coelho: A leitura, o imaginário e a saúde psíquica das nossas crianças
A leitura, o imaginário e a saúde psíquica das nossas crianças A fragilidade emocional é um dos grandes problemas enfrentados especialmente pelos jovens que não têm mais a capacidade de suportar agruras, seja qual for sua natureza ou intensidade. No entanto, as histórias registradas ao longo de milênios têm o incrível poder de ajudar a […]
A leitura, o imaginário e a saúde psíquica das nossas crianças
A fragilidade emocional é um dos grandes problemas enfrentados especialmente pelos jovens que não têm mais a capacidade de suportar agruras, seja qual for sua natureza ou intensidade. No entanto, as histórias registradas ao longo de milênios têm o incrível poder de ajudar a evitar doenças modernas relacionadas à mente humana.
Absorver os inúmeros dramas existenciais nunca foi tarefa fácil para os homens. Lembremos que os antigos poemas Ilíada e Odisseia registraram o poder de destruição, da incompreensão, da fraqueza, da inveja e da ganância humana que deram origem à Guerra de Troia e que, quase 3.000 anos depois, nossas crianças e jovens estão adoecendo física e emocionalmente justamente pela falta dessas histórias.
O contato frequente com a literatura de ficção (poema, teatro, romance, epopeia) permite o desenvolvimento do imaginário de quem lê por sua identificação com as personagens. Essa experiência leva o leitor a colocar-se na posição de outros na vida real, a vivenciar dramas e alegrias como se fossem suas e assim vão amadurecendo emocionalmente.
A leitura de ficção fornece a particularidade dos dramas enquanto também vivemos nossa pluralidade de conflitos. A cada nova personagem, nova experiência. Assim, a percepção e capacidade de resolução dos problemas vão sendo fortalecidas e o leitor vai formando sua personalidade e aprimorando a capacidade de análise sobre si e sobre o próximo, sem punir-se, sem julgá-lo. Leituras permitem descargas de emoções, são alívio para os problemas ao mesmo tempo em que propiciam solução para esses.
A leitura é uma possibilidade, é um meio de evitar doenças. É cura para algumas. Ofereçamos livros às crianças e jovens e eles serão pessoas com infinitas experiências quando adultos. Não permitamos que os pequenos, com agendas tão cheias como as de adultos, tornem-se o grande inseto descrito por Kafka. As crianças precisam urgentemente ser crianças: precisam brincar e sorrir, ler e imaginar.