A prática de exercícios físicos deve ser pensada como um significado especial na vida das pessoas
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo avalia como as pessoas lidaram com a prática de atividades físicas no período de medidas restritivas da pandemia de covid-19. Inicialmente, o projeto não tinha como objetivo avaliar a atividade física durante esse momento, contudo, com o avanço da pandemia, adaptações […]
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo avalia como as pessoas lidaram com a prática de atividades físicas no período de medidas restritivas da pandemia de covid-19. Inicialmente, o projeto não tinha como objetivo avaliar a atividade física durante esse momento, contudo, com o avanço da pandemia, adaptações foram feitas para avaliar a saúde da população tendo esse cenário como base.
Ao explicar a metodologia usada para o projeto, Alessandra Xavier Bueno, doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, comenta que teve que se adaptar às diferentes perspectivas que se tornaram comuns durante esse período para a conclusão da pesquisa.
Resultados
A especialista comenta que questões relacionadas ao trabalho e à saúde mental foram alguns dos tópicos que mais apareceram durante as entrevistas, mesmo esse não sendo o foco principal da pesquisa. Alessandra explica que isso aconteceu porque as pessoas tiveram que modificar os seus trabalhos de uma forma muito rápida e não tiveram o tempo necessário para a realização de uma adaptação, “muitas dessas pessoas não tinham condições de realizar esse trabalho dentro de casa, por questões de rotina, família, crianças dentro de casa, entre outros”, adiciona.
Além de relações conturbadas com seus trabalhos, foi constante as pessoas mencionarem questões que envolviam a saúde mental abalada. A pesquisadora comenta também sobre o papel das atividades físicas nesse momento, assim, a maioria das pessoas que responderam a pesquisa revelou que costumavam realizar atividades físicas e que, durante a pandemia, deixaram a movimentação corporal um pouco de lado. Assim, foi difícil manter uma rotina prática de exercícios físicos regulares durante a emergência sanitária.
Nota-se também que muitas questões que foram levantadas sobre a saúde mental durante a pandemia estavam diretamente associadas ao abandono ou ao início de atividades físicas.
Mudança
Alessandra reforça ainda que a prática contínua de exercícios está diretamente relacionada com a história corporal do indivíduo. Além disso, é interessante pensar a prática de atividades físicas como uma política pública, assim associando esses exercícios a significados para as vidas dos indivíduos.
Ela reforça também que é necessário pensarmos em formas de proporcionar a atividade física em ambientes fechados para que, caso algum cenário semelhante ao da pandemia volte a aparecer, instituições públicas possam agir de maneira mais incisiva no incentivo aos exercícios regulares. “Ninguém tem dúvida de que a atividade física faz bem, seria muito bom se todas as pessoas pudessem ter uma rotina de exercícios”, diz Alessandra. Para promover isso, as pessoas precisam ter acesso a equipamentos públicos que permitam a realização dessas atividades de forma mais ampla.
Fonte: Jornal da USP