Canguçu, domingo, 22 de setembro de 2024
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Pesquisa mostra impacto da pandemia e da inflação no uso do aplicativo Menor Preço

Aplicativo desenvolvido pela Receita Estadual registrou aumento de engajamento no pico da crise e em decorrência da inflação


Um estudo divulgado no último dia 25 na revista científica Administrative Sciences (citescore 3.9) mensurou o impacto da pandemia e da variação inflacionária no uso do aplicativo Menor Preço Brasil, ferramenta de consulta a valores praticados no mercado desenvolvida pela Receita Estadual em parceria com a Procergs. O artigo inaugura a edição especial sobre Challenges and Future Trends in Digital Government.

A pesquisa identificou uma correlação entre o aumento no número de casos de contágio pelo coronavírus com o engajamento no aplicativo de preços. Conforme o estudo, que utilizou dados coletados entre 1º de janeiro de 2020 e 28 de dezembro de 2022, a elevação de 1% nos casos de covid-19 refletiu em um aumento de 0,2% nas consultas ao aplicativo, o que foi equivalente, em determinado momento, a um pico mensal de 2,5 milhões de buscas. O serviço foi muito útil para reduzir o risco de contágio.

Em março de 2020, momento em que os primeiros casos da doença foram confirmados no país, um dos diferenciais do aplicativo foi oferecer aos usuários um atalho para consulta exclusiva de itens como máscaras, luvas e desinfetantes para as mãos, produtos de proteção sanitária com alta demanda naquele período. Nessa versão, inclusive, foi eliminada temporariamente a exigência de cadastro do CPF e uso de senha, permitindo que qualquer cidadão utilizasse a ferramenta. O pico de uso do Menor Preço Brasil foi registrado em agosto daquele ano, com 2,5 milhões de consultas a produtos.

A elevação do engajamento no aplicativo durante a pandemia, segundo os pesquisadores, também é explicado, em parte, pelo fato de as buscas de preços identificarem estabelecimentos que ficam num raio de 3 km do usuário, oferecendo ao consumidor um valor atrativo próximo da sua residência em um contexto de restrição de mobilidade devido ao alto risco de contágio.

O cruzamento estatístico também revelou que a variação positiva de 1% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrada em um determinado período da crise sanitária, resultou no crescimento de 8,6% no volume de pesquisas no aplicativo. A correlação sinaliza que o aumento do preço médio dos produtos estimula os consumidores a recorrerem a mecanismos de pesquisa por ofertas. Durante o período analisado pelo estudo, o índice de inflação do país acumulou alta de 21%.

De acordo com Jorge Luis Tonetto, auditor-fiscal da Receita Estadual e um dos autores do estudo, a conclusão estatística da pesquisa reforça a importância da disponibilização de serviços digitais públicos que facilitem tarefas cotidianas dos cidadãos, como uma simples ida ao supermercado.

“Uma das análises que podemos fazer é sobre a grande utilidade de aplicativos como o Menor Preço em situações extremas como crises sanitárias, que causam restrições de mobilidade física e desafios no acesso a bens e serviços”, avalia. Para Tonetto, o estudo estimula a criação de mais serviços digitais com base em dados públicos.

O estudo demonstra também que, além das ondas de covid, alterações no aplicativo tiveram impacto no seu uso. O estudo confirma a aversão ao risco, conceito trazido pela Economia Comportamental, e que em relações entre Estado ou fisco com o cidadão deve ser levada em conta. Essa aversão é superada pelo fortalecimento da confiança e pela transparência. O artigo aborda ainda a evolução do governo digital, abordando tendências nos aplicativos, inclusive em países como China e Índia. Também foram discutidas questões importantes como digital divide, inteligência artificial, internet das coisas e uso de algoritmos.

Além de Tonetto, assinam o artigo Adelar Fochezatto, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e Josep Piqué, Presidente da Associação da Triple Helix (Mundial).


Aplicativo Menor Preço

O Menor Preço Brasil é uma versão nacional do pioneiro Menor Preço Nota Gaúcha, serviço digital desenvolvido pela Receita Estadual do Rio Grande do Sul, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e utilizado por diversos Estados em parceria com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

O aplicativo identifica, em tempo real, os preços mais baratos praticados no comércio. Na versão gaúcha da ferramenta, o usuário pesquisa os menores valores de um produto em mais de 300 mil estabelecimentos do Estado, entre lojas, farmácias, postos de gasolina e supermercados.

A base de dados do aplicativo é alimentada em tempo real pelos valores informados nas Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) e Notas Fiscais de Consumidor Eletrônicas (NFC-e) emitidas para os consumidores pelas empresas credenciadas no programa Nota Fiscal Gaúcha (NFG).

Em 2022, a ferramenta processou mais de 2 bilhões de documentos fiscais e registrou 12,3 mil consultas, cujos resultados informaram o preço de 372 milhões de itens gerais.

Mais pesquisas

Um outro artigo aborda o projeto Devolve ICMS da Secretaria da Fazenda. A autoria é de Jorge Luis Tonetto, tendo como coautores Giovanni Padilha e Adelar Fochezatto.

Com cerca de 2 mil acessos desde que foi publicada, em maio de 2023, na Economies, revista conceito A1 (nacional) e Q1 (internacional), a pesquisa reforça a consolidação do cashback na Reforma Tributária.

Fonte: Governo do RS