Guilherme Ellwangue destaca desafios e expectativas para a 37ª Ciena
O coreógrafo e instrutor de danças é um dos personagens que vem se destacando ao longo dos anos no evento
Em uma trajetória marcada por dedicação e superação, o coreógrafo e instrutor de danças Guilherme Ellwangue se prepara para mais um importante desafio à frente de seus grupos, que participarão da 37ª CIENA, em Canguçu. Com uma carreira consolidada no cenário da dança local, Guilherme compartilha, em entrevista exclusiva ao Canguçu Online, os detalhes de sua caminhada, os desafios enfrentados ao longo dos anos e as expectativas para o evento deste ano, que promete ser um marco cultural para a cidade e seus talentosos bailarinos.
Online: Guilherme, como você iniciou sua trajetória no mundo da dança e o que o motivou a se tornar coreógrafo e instrutor?
Ellwangue: Iniciei minha trajetória no mundo da dança em 2016 na Escola Heitor Soares Ribeiro, na Florida, 2º Distrito de Canguçu, trabalhava no como auxiliar de secretaria e enxerguei uma oportunidade de ensaiar os grupos desta escola para a CIENA. Atuava em dias de folga e sem cobrar nenhum valor financeiro. Minha maior motivação era sempre estar envolvido com os alunos e seguir cultuando minhas raízes no mundo da dança, pois desde os meus 5 anos de idade iniciei minha trajetória.
Online: Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo de sua carreira e como eles moldaram seu estilo de ensino?
Ellwangue: O principal desafio que eu enfrentei ao longo da minha carreira foi sempre a questão da inovação. Gosto de inovar, trazer coisas diferentes, aproveitar novos ciclos coreográficos, cenários e adereços. Logo, argumentos que fazem com que a coreografia tenha esse destaque. Músicas maiores propiciam movimentos diferentes, por exemplo. E essa inovação foi o maior desafio, porque além de tentar explicar para os diretores que era algo diferente, precisava mostrar que isso daria certo. Em momentos como esses nos quais tive maior dificuldade ao ter que comprovar a inovação, mas aos poucos eu fui conquistando essa abertura, como por exemplo para fazer figurinos e cenários diferentes. Querer inovar dentro do palco da CIENA é algo desafiador.
Online: Você lidera grupos que estarão participando da 37ª CIENA. O que essa participação representa para você e seus alunos?
Ellwangue: Liderar grupos de danças não é fácil, pois trabalhamos com dançarinos, famílias e a comunidade escolar. Isso representa uma história que reflete a minha, pois já estive dentro dos palcos da CIENA como dançarino e eu sei os sentimentos que temos. Aprendi muito com a diretora Nety (in memoriam) que dizia: “vocês não são qualquer escola, vocês tem que chegar chegando”. Hoje, além de mim, eu espero que esses ensinamentos possam refletir nos meus alunos, de modo que eles demonstrem o amor pela escola e pela cultura gaúcha, bem como cultuem o respeito aos adversários. Minha proposta é incentivar os educandos para que mostrem o seu diferencial, o porquê estamos contando determinada história e qual a razão para emocionar o público. Essa participação representa muito mais do que a premiação, mas sim, a história e o amor em carregar a marca do educandário e da cultura gaúcha.
Online: Como é o processo de preparação dos seus grupos para uma competição de nível tão elevado como a CIENA?
Ellwangue: O processo de preparação é importante, minucioso e detalhista. Preparamo-nos meses até o evento, empregando muito tempo e conversa. Gosto muito de ouvir os dançarinos sobre o que eles têm vontade, as danças que gostariam de apresentar e o tema da coreografia de entrada, por exemplo. Esse processo é o momento em que a gente vai conhecendo cada dançarino, detalhe, movimentos e estudando as formas de como tudo isso vai se encaixar durante a apresentação. Sei que estamos indo competir e quero que cada um faça o seu melhor, mas proponho o trabalho em grupo, pois estão sendo avaliados nesse critério.
Online: Na sua opinião, qual é a importância de eventos como a CIENA para o desenvolvimento da dança na região e para a cultura local?
Ellwangue: As escolas investem um valor financeiro alto, depositando o investimento nos seus dançarinos (na mão de obra que temos na escola) e, consequentemente, esses também são frutos de muitas entidades tradicionalistas, as quais eles escolhem e abraçam para que depois possam dançar. Querendo ou não, mas a visibilidade é grande, pois estamos no maior festival estudantil do Rio Grande do Sul, o que também corrobora para outros passos importantes nas competições do tradicionalismo. A CIENA é muito mais do que um evento cultural, pois estamos trabalhando a cultura num todo e que chega não só naquele que tem condições, mas também na criança que não tem uma bota para usar ou não tem oportunidades de estar dentro da entidade. Consequentemente, o município também ganha com o evento, através da aquisição da cultura por parte de cada pessoa.
Online: Quais são as expectativas para as performances deste ano e há algum destaque especial que podemos esperar dos seus grupos?
Ellwangue: Em 2024, escolhi diminuir o ritmo de trabalho, optando pela qualidade e não pela quantidade. Retratarei assuntos relacionados às enchentes, como por exemplo o cavalo caramelo, que foi destaque a nível nacional. Relacionadas ao mesmo tema, traremos as bandeiras do Rio Grande do Sul “sujas” de barro como forma de frisar a mensagem da reconstrução e promover a mensagem sobre os nossos valores e a identidade de um povo que se reconstrói. Trarei, também, uma história de amor e tragédia que promete encantar os jurados no sábado…
Online: Como você avalia a evolução da dança em Canguçu nos últimos anos e o que ainda pode ser feito para fortalecer essa arte na comunidade?
Ellwangue: A evolução da dança no município cada vez mais ultrapassa diversas barreiras, elevando a régua do evento, pois são apresentações belíssimas, cenários bem elaborados e dançarinos muito preparados. No meu ponto de vista, a Ciranda Estudantil Nativista precisa evoluir e crescer junto com esse padrão. O evento necessita, por exemplo, de um tablado para que os dançarinos estejam corretamente dançando. A CIENA necessita, também, de uma transmissão ao vivo e de adaptações do Ginásio Municipal (tornando o palco exclusivo das danças) para que o público e os jurados tenham uma melhor experiência das danças.