Canguçu, sábado, 22 de fevereiro de 2025
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Secretária Ana Dias fala sobre o processo seletivo: “Temos em torno de 1.700 candidatos concorrendo às vagas”

Em entrevista exclusiva ao Canguçu Online, secretária de Educação detalha o preparo para a volta às aulas, a contratação emergencial de profissionais e as prioridades de sua gestão iniciada em janeiro.


A nova secretária de Educação e Esportes, Ana Dias de Oliveira, conversou com exclusividade com o Canguçu Online sobre os desafios à frente da pasta. Durante a entrevista, a gestora destacou o planejamento para o retorno às aulas, com a definição do dia 6 de março como nova data de início do ano letivo. Além disso, abordou o processo seletivo para a contratação emergencial de profissionais para as escolas municipais e os desafios iniciais da sua gestão, que começou em 1º de janeiro. Confira a entrevista:

Online: Quem é a nova secretária de Educação? 

Ana: Primeiro, muito obrigada pelo convite de fazer parte desse momento do Canguçu Online. Acompanho sempre o jornal que tem a notícia na hora, real e fidedigna os fatos. A professora Ana Cristina  atuou por 33 anos na rede municipal e se aposentou no ano de 2024. Tenho uma experiência inicial de zona rural nas classes multisseriadas. Posteriormente, trabalhei numa das maiores da cidade que é Geraldo Antônio Telesca. Trabalhei por um ano e, na época, me graduei em Pedagogia na área de supervisão escolar, quando fui convidada pela dona Aliette para trabalhar aqui na Secretaria de Educação, o qual passei por várias gestões de secretários como a do senhor Basílio Barbosa, também da Janete Vargas e do Andrio Aguiar. Trabalhei três anos com a professora Laedi também. Só aí fechei 17 anos de experiência voltada ao núcleo pedagógico. Tenho uma boa noção do andamento da Secretaria de Educação, embora hoje ela esteja bem mais dinâmica e exige bem mais da gente. Quando retornei à escola, eu voltei para a experiência de coordenadora de EMEI. Trabalhei por nove anos, onde encerrei minha carreira.

Online: Sempre que há troca no governo, a gestão também realiza trocas na secretaria. Por quem é composta a nova equipe da pasta?

Ana: Cada pessoa que aqui tem a oportunidade de gestar essa pasta – que é tão importante – vai procurar montar o grupo de acordo com o perfil do novo governo. Um novo visual, uma nova cara, uma nova proposta. Viemos com uma proposta de um atendimento bem humanizado. Então, eu procurei pessoas que atendessem com aquele olhar atento e de acolhimento, com coisas simples como trabalhar de portas abertas na secretaria, procurar resolver as demandas, acolher e atender bem o público. Esse é o perfil e a exigência que eu fiz com cada um que viesse trabalhar aqui. Então, procurei pessoas com experiência da Escola Integral do Campo, bem como profissionais com quem eu já trabalhei também retornaram. Na área da educação especial, procurei montar um trio imbatível, bem estruturado e com uma nova proposta, um novo olhar para a educação especial. Nós tínhamos muito atendimento, muito encaminhamento de crianças. Então, qual é a minha ideia? O que eu pensei com a Educação especial? A equipe da secretaria estar mais na escola, sentar mais com o professor da sala de aula. Nesses anos anteriores, o trabalho foi muito bom, não podemos desmerecer, pois teve um avanço significativo, mas precisamos avançar mais. Percebemos que a educação especial, a supervisão, ficou muito voltada para os encaminhamentos das crianças.

A demanda é grande e a lista de espera para os serviços é enorme. Mas a gente precisava dar um suporte para o professor na sala de aula. Em alguns casos, por exemplo, nós precisamos de auxiliar para que possamos contemplar a inclusão de maneira verdadeira. Muitas vezes temos o auxiliar na sala de aula, mas fica o auxiliar só para a criança. O auxiliar é da turma. Ele auxilia, mas quem faz o trabalho pedagógico é o professor. Então, é uma questão que a gente vai procurar mudar e redimensionar na Secretaria de Educação. A equipe é pequena, mas eu também não posso deixar a escola desassistida de profissionais. Então começaremos assim, mas, ao longo da trajetória, vamos adequando, se necessário.

Online: Com relação ao calendário, o ano letivo, inicialmente, tinha uma data prevista para o início das aulas em 24 de fevereiro, mas houve uma mudança para o dia 6 de março. Por que isso aconteceu? E isso, de certa forma, vai ter impacto direto ou indireto no calendário escolar de 2025?

Ana: Nós tínhamos o calendário escolar previsto e já aprovado pelo Conselho Municipal de Educação com a data de 24 de fevereiro. Em virtude de uma nova gestão, um novo governo municipal e até o próprio processo de encaminhamento de lei para a contratação emergencial nos causou alguns atrasos.

Entramos aqui bem organizados, já com o edital novo do processo seletivo, bem como a lei pronta, mas em virtude de alguns contratempos quando foi enviado à Câmara, onde ocorreu um problema inicial e, também, pelo processo lento que foi até chegar a aprovação, isso nos obrigou a refazer esse calendário. Ele já foi encaminhado para o Conselho. E essa mudança será compensada no final do ano. Aqueles dias – em que antes iríamos encerrar bem cedo as aulas -, nós teremos mais uma semana a mais para cumprir os 200 dias. Essa foi uma situação que nos pegou de surpresa, mas vamos estamos organizando da melhor forma possível.

Online: E sobre a questão da contratação dos professores para as escolas, como é que vão funcionar esses próximos passos a cerca do processo seletivo?

Ana:  O processo seletivo então transcorreu de uma forma tranquila. A nossa avaliação foi bem positiva. A comissão que está lidando com o processo vai agilizar, inclusive, o somatório de pontuações dos candidatos de uma forma dinâmica, para que a gente não leve um tempo tão extenso assim. Temos em torno de 1700 pessoas concorrendo às vagas do edital. Num primeiro momento a gente solicitou, até em razão do orçamento da prefeitura para esses primeiros meses, principalmente o primeiro mês de gestão, não nos possibilitou já solicitar aquele número realmente necessário. Então, faremos que fazer algumas adequações no quadro de pessoal das escolas, começando mais enxuto e depois, ao longo da caminhada, vamos ofertando mais vagas através dessa parceria com a nossa Câmara de Vereadores, que com certeza já entenderam essa demanda.

O nosso trabalho maior, nosso foco maior é no concurso público. Nós estamos bem focados para que, neste ano ainda, realizemos um concurso público. Agora, temos 1.700 inscritos em todas aquelas áreas – o edital foi só para a área da educação – e, nos próximos dias, temos a homologação e o prazo de recurso

Online: Cada secretário tem um estilo de fazer a gestão e adequar algumas coisas no que tange a formação de professores. O que você pensa em relação à formação continuada dos professores da rede municipal?

Ana: Estamos montando um plano de trabalho para formação de professores. Nós temos já um que está ligado aos programas federal e estadual de alfabetização. Sabemos que é um investimento do governo federal/estadual para que melhoremos os índices e o processo de alfabetização na totalidade.

Pretendo investir muito na educação especial. Um diferencial que teremos é, talvez, um número de capacitações menores, mas por escola. Nós iremos até a escola com formação. As paradas pedagógicas necessárias lá na escola, de acordo com a realidade de cada escola. Teremos o contato olho no olho do professor e com a nossa equipe aqui da secretaria. Uma das áreas que mais sentimos carência são os anos finais, pois algumas áreas precisam ser contempladas. O professor saiu bastante da sala de aula nesses últimos anos e percebemos que também há aquela enxurrada de informações. Faremos uma redução no número de horas para que o professor também pare na sala de aula e consiga botar na prática o que viu lá na formação. Tínhamos a ideia de fazer um “encontrão” no início de ano, mas vamos fazer na Semana da Educação, em abril, em razão de os contratos não estarem ainda conosco.

Online: Como você observa as mudanças na educação nessas últimas décadas e qual a relação delas com os desafios dos próximos?

Ana: Tudo é muito dinâmico, rápido e complexo, sempre ao mesmo tempo. Eu vejo para gestão escolar, especialmente o diretor de escola, a questão de cada vez mais recursos federais para lidar. Então, a preocupação que temos é que eles possam e com isso faremos um investimento grande em gestão. Pretendemos ter formações mensais, pois é muita coisa hoje e grande exigência para ser diretor de escola, para dar conta dos desafios e de toda esta demanda que são os programas federais. A gestão escolar está no nosso foco.

Enquanto secretária, percebo o transporte escolar como um grande desafio. A nossa, a nossa quilometragem rodada é muito grande. E a questão da frota própria ainda está escassa. Precisamos do serviço terceirizado. Pretendemos ir atrás de mais veículos de transporte escolar. Há também a questão do quadro de pessoal. Enquanto não tivermos concurso público, ficamos limitados em muitas coisas. A questão da inclusão, ela realmente acontece na prática, porque a gente faz e tenta cumprir o que diz a lei, mas na realidade ela se efetiva lá na prática. A verdadeira inclusão. Dar conta dos auxiliares para as crianças que precisam de monitor em sala de aula, principalmente esse, é um desafio. As famílias sabem que o seu filho tem direito e nós precisamos dar condições. Ter aquele monitor capacitado para tal. Tanto é que criamos o cargo de Monitor da Educação Básica.

Online: Para finalizar, gostaria que deixasse um recado para a população e, especialmente, para o pessoal que compõe a rede escolar.

Ana: A comunidade pode esperar da Secretaria de Educação o melhor atendimento possível e a busca de resoluções dos problemas. Nem tudo vamos conseguir fazer, nós temos consciência disso, mas eu tenho um grupo muito comprometido. Estão abraçando a causa comigo. É uma equipe que veio com um propósito de fazer as coisas um pouquinho diferente e tentar melhorar.

Para o pessoal do do magistério e todos os profissionais que estão confiando em mim, porque eu sei que houve um pedido das pessoas que apostaram muito no meu nome e foram levando o meu nome até chegar ao prefeito eleito, desde a campanha eleitoral, eu sou muito grata. Sinto o peso dessa responsabilidade nas minhas costas e espero corresponder. Então, além de dar conta do desafio todo que é aqui, eu tenho mais esse desafio, que é corresponder aos meus colegas, ser o mais profissional possível. Peço aos pais que confiem na educação do município. Andamos por vários lugares e vimos o quanto os nossos professores estão bem preparados e são comprometidos com aquela comunidade, com aquela escola e sempre vão buscar fazer o melhor. Se não fizemos o melhor é porque não tivemos todas as condições ainda. Esperamos, em breve, conquistar tudo isso para que tenhamos uma escola pública de qualidade na sua totalidade.

Ouça a íntegra da entrevista aqui: