RS desponta como destino nacional de turismo de oliveiras
Com 6 mil hectares de oliveiras cultivados e 34 marcas de azeite extravirgem, o Rio Grande do Sul quer despontar como destino nacional de olivoturismo. Para isso, empreendimentos inaugurados recentemente e outros em construção prometem movimentar as regiões do Estado onde a cultura com sabor mediterrâneo avança, em média, 25% ao ano. – A ideia é […]
Com 6 mil hectares de oliveiras cultivados e 34 marcas de azeite extravirgem, o Rio Grande do Sul quer despontar como destino nacional de olivoturismo. Para isso, empreendimentos inaugurados recentemente e outros em construção prometem movimentar as regiões do Estado onde a cultura com sabor mediterrâneo avança, em média, 25% ao ano.
– A ideia é nos espelharmos no Vale dos Vinhedos. O olivoturismo é muito desenvolvido na Europa, queremos trazer essa cultura para cá. É uma árvore milenar, com muita história a ser contada – indica Paulo Marchioretto, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva).
Aberto há um ano, o Parque Olivas de Gramado foi criado com a proposta de disseminar a cultura do azeite e a importância da preservação da natureza, além de resgatar a história da imigração na Serra.
– Em visitas à Itália, percebemos a forte presença das oliveiras. E como Gramado se tornou um tanto cosmopolita, pensamos em valorizar essa identidade, buscando ainda educar o paladar dos brasileiros – explica Daniel Bertolucci, um dos proprietários do empreendimento, localizado na Linha Nova, a 14 quilômetros do centro do município.
Em 2019, mais de 50 mil pessoas visitaram o local em busca de experiências em meio à natureza, animais em miniatura e às oliveiras, que ocupam 27 hectares do parque. Além de conhecer o cultivo da árvore milenar, os visitantes são introduzidos no mundo da olivicultura com ajuda de um azeitólogo português que ensina técnicas para identificar a qualidade do produto – da acidez e armazenamento à harmonização com pratos.
Na visita guiada, são feitas degustações sensoriais dos três blends produzidos pela marca própria – vendida apenas no parque. Como as árvores da propriedade ainda não começaram a produzir azeitonas, os varietais aromatizados no local com canela, bergamota, limão siciliano e pimenta são produzidos com matéria-prima de parceiros gaúchos e uruguaios. No empório, junto ao restaurante com comida típica italiana, são vendidos produtos de outras oito marcas locais de extravirgem.
Para celebrar a primeira safra da propriedade, em março deste ano, após uma década de espera, está sendo preparada programação com apresentações artísticas.
Pousada em meio às oliveiras
Previsto para ser inaugurado no primeiro semestre de 2020, um empreendimento na Vila do Segredo, no interior de Caçapava do Sul, aposta em hospedagem temática em meio aos olivais da Campanha. Localizada na Serra do Segredo, em altitude de 450 metros e a 260 quilômetros de Porto Alegre, a pousada com arquitetura lusitana terá cinco suítes e espaços de compartilhamento – como cozinha e sala de estar. As obras estão 80% concluídas.
– O projeto nasceu em 2016 com o desejo de oferecer uma experiência gastronômica e cultural aos turistas da região. A posição da propriedade é privilegiada pela topografia. Chamamos de efeito “uau”, no sentido de admiração – conta Renato Fernandes, produtor de oliveiras e empresário do ramo metalúrgico em Canoas.
A pousada está sendo erguida no meio dos 10 hectares cultivados com oliveiras às margens da ERS-357, entre Caçapava e Lavras do Sul. O investimento é de R$ 3 milhões.
– Além de mergulhar no mundo dos azeites, queremos explorar os cenários geológicos e minerais na região – resume Fernandes.
Terapia à base de oliva e vinho
Quando o empresário paulista Luiz Eduardo Batalha plantou as primeiras mudas de oliveiras na região da Campanha, em 2010, o Rio Grande do Sul cultivava menos de 300 hectares da cultura. Uma década depois, Batalha tornou-se o maior produtor nacional, com 500 hectares em Pinheiro Machado e Candiota, que na última safra renderam 70 mil litros de azeite de oliva.
A visão empreendedora de Batalha, que trouxe a rede Burger King ao Brasil em 2004, é a mesma que o faz apostar em um resort temático do pampa.
– Será um hotel de fazenda que aproveitará todos os nossos diferencias: a carne angus, o cordeiro, o cavalo crioulo, as oliveiras e os vinhedos – revela Batalha.
Com projeto civil e arquitetônico concluído, o empresário já deu inicio a terraplenagem das obras, na sede da propriedade, em Pinheiro Machado. Haverá três andares subterrâneos, onde será abrigada a adega. O resort terá 20 apartamentos, entre os quais quatro suítes com jacuzzi no terraço. A estrutura contará com piscina aquecida e quadra de tênis. O investimento previsto é de R$ 12 milhões.
Além das oliveiras, a ideia é de que o roteiro inclua visitação a vinhedos na região. Uma linha de cosméticos com marca própria, em desenvolvimento, será à base de olivas e vinho.
– A ideia é proporcionar uma experiência bem gaúcha para visitantes de fora – projeta Batalha, que planeja fretar voos de São Paulo até Candiota, distante 13 quilômetros da fazenda.
A inauguração está prevista para março de 2022, período de colheita das azeitonas. Até lá, a fazenda continuará com visitas guiadas em grupo – que incluem passeio de trenzinho na propriedade, roteiro em pomares e almoço com carne de gado e cordeiro e, claro, vinho e azeite de oliva.
– Temos o enorme desafio de consolidar essa região única como um roteiro nacional –resume Batalha.
Informações: Jornal GaúchaZH