Produtores adiam compras de fertilizantes
Redução de até 70% no valor dos principais adubos ainda não anima o agronegócio
Em 2022, os fertilizantes foram os vilões do custo da lavoura, por alcançarem preços recordes com a invasão da Ucrânia pela Rússia. No momento, seguem em queda no mercado interno. Apesar disso e da relação de troca hoje mais favorável para os produtores, a compra dos insumos para o plantio da próxima safra de verão cresce com lentidão, de acordo com analistas do agronegócio.
A espera de números ainda mais baixos nos próximos meses e de uma melhora nas cotações de commodities agrícolas exportadas, como a soja e o milho, estão por trás da espera dos produtores, antes de investirem nos fertilizantes neste momento.
Analistas afirmam que os agricultores dos Estados Unidos – segundo maior produtor de grãos do mundo, atrás apenas pela China – estão concluindo as aquisições de adubos para a próxima safra no país, o que deve abrir boas oportunidades para a importação desse itens pelo Brasil. A concentração da demanda brasileira no segundo semestre, porém, traz preocupação.
O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, recomenda que os produtores não deixem as compras para a última hora. “É importante o produtor, à medida que vai levantando recursos, fazer as compras. O grande gargalo é o acesso ao crédito depois de duas safras seguidas de frustração”, avalia Da Luz, referindo-se às estiagens que trouxeram prejuízos às lavouras gaúchas. Os mais afetados são os pequenos produtores que financiam a lavoura por meio das linhas de custeio do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e vêm buscando a renegociação de dívidas com o governo federal.