Canguçu: Um município com aptidão para produção de tabaco
Os números não deixam dúvidas sobre a importância de Canguçu na Cadeia Produtiva do Tabaco. Segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA), desde 2016 o município assumiu a liderança na produção de tabaco no país, ultrapassando Venâncio Aires, que ocupava essa posição por longa data. São mais de 20 milhões de kg produzidos […]
Os números não deixam dúvidas sobre a importância de Canguçu na Cadeia Produtiva do Tabaco. Segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA), desde 2016 o município assumiu a liderança na produção de tabaco no país, ultrapassando Venâncio Aires, que ocupava essa posição por longa data. São mais de 20 milhões de kg produzidos em solo canguçuense, anualmente. A tendência é de que não percamos mais essa colocação.
A produção de tabaco chegou em nossa região, mais precisamente em Canguçu, por volta da década de 60, onde os primeiros produtores receberam a visita de um orientador agrícola (instrutor), que provavelmente andava de bicicleta ou a cavalo. Os primeiros transportadores contratados pelas empresas foram aqueles que, geralmente, já comercializavam produtos daqui em outras regiões. Cito como exemplo a batata que era levada ao Vale do Rio Pardo. Assim, como havia espaço nos caminhões, o tabaco foi inserido como um produto para frete, onde estes caminhoneiros, além de vender a batata, entregavam nas fumageiras o tabaco produzido aqui.
Aos poucos, este produto foi ganhando notoriedade em nosso município. A grande expansão ocorreu, principalmente, no início dos anos 2000 onde o tabaco brasileiro teve grande demanda no mundo todo por seu sabor e aroma especial, em virtude de guerras civis e políticas para controle da produção de tabaco em países que eram grandes competidores no mercado internacional junto com o Brasil. Com isso, o número de produtores cresceu de forma rápida por aqui. Inclusive, muitas famílias que já estavam na cidade, retornaram ao campo, fazendo o processo inverso do êxodo rural.
Hoje, além de ser o município com o maior número de minifúndios do Brasil, temos produtores rurais cada vez mais bem equipados, com máquinas e implementos, galpões, estufas automatizadas e, o mais importante em uma propriedade rural: a sucessão. Muitos municípios produtores não possuem esse fator que é de extrema importância. Nosso Canguçu se destaca neste quesito também, pois ainda vemos muitos jovens querendo permanecer no campo, pois percebem melhor qualidade de vida e também oportunidades, seguindo o trabalho dos pais. Também, devido à falta de indústrias em nossa região. Costumo dizer que aqui, ‘as luzes da cidade não brilham com tamanha intensidade para que façam com que os jovens abandonem o campo’.
Em virtude do clima hostil desta última safra, com a forte estiagem atingindo quase todo o período de lavoura, tivemos um percentual grande de folhas da parte superior das plantas com muito defeito. Essas, são menos desejadas pelo mercado mundial. Por isso, percebemos que nosso maior desafio na produção de tabaco em Canguçu, ainda, é melhorar a qualidade. O volume de produção já deixou de ser um problema, pois hoje, com melhor manejo e novas tecnologias (sementes, maquinários, etc.), alavancamos, e muito, a quantidade produzida. Esperamos que o fator clima também nos ajude nesta nova etapa.
Ao final, quero aqui parabenizar a todos os produtores de tabaco que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas na safra, já estão engajados na produção de mudas e, em seguida, no plantio da safra 2021. Agricultura é assim, com ou sem pandemia, não pode parar. E é bom saber que estamos no caminho certo, com propriedades rurais ‘tecnificadas’ e preparadas para a sucessão.
Vamos em frente!