Canguçu, quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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Relembre como foi o início do cinema falado em Canguçu

Uma das atividades mais comuns entre os avós de Canguçu é relembrar o passado. E como o aniversário do município está próximo, o Canguçu Online decidiu trazer o tão famoso cinema falado para que todas as gerações possam conhecer esse fato. Com o término do cinema mudo, vez por outra aparecia em Canguçu caminhonetes da […]


Uma das atividades mais comuns entre os avós de Canguçu é relembrar o passado. E como o aniversário do município está próximo, o Canguçu Online decidiu trazer o tão famoso cinema falado para que todas as gerações possam conhecer esse fato.

Com o término do cinema mudo, vez por outra aparecia em Canguçu caminhonetes da Bayer, que vendiam medicamentos e  montavam cinemas ao ar livre. Depois de algum tempo sem cinema, Canguçu ganhou o moderno Cine Teatro Glória, construído por Antônio Lelis Valente (Antonico Valente) e que foi explorado inicialmente pelos sócios Victor Petrucci, comerciante e Pompílio Freitas dono do  Globo Hotel.

Cinema inaugurado

1939, ano do início da 2ª Grande  Guerra. O filme inaugural foi Brodway Melody 1938. O operador inicial foi Guilherme Soares, funcionário da Prefeitura Municipal e genro de Antônio Coutinho que fora operador do cinema mudo.  Foram adquiridas poltronas novas para as laterais, as do centro eram as antigas  do cinema mudo, por sinal bem mais confortáveis que as novas.

Em 7 de maio de 1940 foi inaugurado o pano de boca do cinema, que foi pintado pelo ventríloquo Acy Portela ídolo dos meninos da época.

O início das sessões nas quartas, sábados e domingos era dado por toques de sirene que eram ouvidos de longas distâncias. Eram colocados cartazes na frente do cinema e Santos Pereira, com um megafone anunciava as sessões nas esquinas da rua General Osório.

Como no cinema mudo existiu na geral um frequentador que lia em voz alta para a galera analfabeta, as legendas do filme, perturbando os demais.

Advento da televisão e o fechamento do cinema 

Sem dúvida, o cinema falado foi uma grande janela para o mundo e fonte de desenvolvimento cultural. Foi para muitos uma diversão fundamental e aguardada com ansiedade. Guri, lembro de um filme tenebroso chamado “A carroça da morte”, passado num país eslavo.

Quando se aproximava a morte de alguém, este ouvia o rangido infernal dos eixos da carroça com as rodas, que aumentava na medida em que se aproximava do candidato ao outro mundo. Nenhum guri dormiu naquela noite de medo do terror que a carroça deixou em quem assistiu  ao filme.

Não se pode deixar de fazer referência aos circos que passaram por Canguçu que davam entrada grátis as crianças que percorriam as ruas atrás do palhaço, montado num cavalo voltado para trás que fazia as seguintes perguntas que as crianças respondiam em festa:

                – O palhaço o que é?                         – É ladrão de mulher!

                – Hoje tem patuscada?                      -Tem sim senhor!

                – E quem leva a namorada?             – Não paga nada!

E prosseguiam as perguntas que eram respondidas em coro atraindo as pessoas para fora da casas. Foram muitos influenciados pelo circo, entre eles Osmar Telesca e Babá (filho de Samuel Pinho Almeida) que chegaram a montar um circo infantil.

Fonte: Revista dos 200 anos de Canguçu – ACANDHIS e Professora Miriam Reyes