Canguçu, domingo, 22 de setembro de 2024
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RS recebe pela primeira vez a Conferência Mundial de Frutas Processadas de Caroço

Região Sul do Estado é a maior produtora de pêssego em calda do país; Canguçu está na lista


A Conferência Mundial de Frutas Processadas de Caroço (Cancon) está ocorrendo pela primeira vez no Brasil, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. A 15ª edição do evento teve início no domingo (29/10) e segue até quarta-feira (1º/11), com a presença de fabricantes de pêssego em calda e outras frutas processadas de caroço. Nove países participam desta edição: além do Brasil, estão também África do Sul, Argentina, Chile, China, Espanha, Estados Unidos, Grécia e Itália.

O Rio Grande do Sul é referência no país no cultivo de frutas com caroço, sendo responsável por 100% do pêssego em calda fabricado no Brasil. Esse é um dos motivos que atraíram a comissão organizadora do evento. A ideia foi apresentada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) pela comitiva oficial da Cancon, que destacou a importância do Estado no segmento. A Sedec, em nome do governo gaúcho, é apoiadora institucional da conferência.

“O setor dispõe de onze indústrias instaladas na região Sul do Estado, que geram 20 mil empregos diretos e 6 mil indiretos Isso demonstra sua força de trabalho”, afirma o titular da Sedec, Ernani Polo.

O diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Assuntos Internacionais (DPCI), Evaldo da Silva Junior, avalia positivamente o encontro. “É muito importante para realçar a produção da metade Sul do Estado ao ampliar a exportação do pêssego em calda. Além disso, aumenta a possibilidade de atração de investimento estrangeiro e desenvolvimento de projetos futuros”, explica.

A Sedec é representada na Cancon pela assessora do DPCI, Astrid Schunemann, que está mediando e captando negócios para expandir a participação do Estado no negócio das frutas processadas de caroço.

A Cancon reúne, a cada dois anos, delegações do setor, de diversos países, para discutir custos, rumos do mercado global, estratégias para aumento do consumo, novas tecnologias industriais e agrícolas e sustentabilidade setorial, entre outros assuntos.

História no RS

A produção de frutas com caroço, mais especificamente o pêssego em calda, teve seu início de industrialização em Pelotas, nos anos de 1880. Tornou-se, desde então, um dos setores mais importantes para a economia gaúcha.

Cerca de mil micro e pequenas propriedades rurais estão envolvidas na produção de pêssego em calda. Estão situadas, além de Pelotas, nos municípios de Morro Redondo, Canguçu, Piratini, Arroio Grande, Cerrito Alegre e São Lourenço.

Nos últimos quatro anos, o setor começou a exportar e, atualmente, 20% da produção vai para o exterior. A América do Sul é o principal destino.

“Sediar a Cancon em Pelotas é também um resgate histórico. A produção de pêssego em calda se confunde com a história da cidade, pois desde o século 19 já se faziam compotas. Atualmente, estamos com uma área plantada em torno de 5 mil hectares, com produção estimada em 60 milhões de latas de pêssego. Começamos a exportar nosso produto para a América Latina e isso nos orgulha muito,” destaca o presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas, Morro Redondo e Capão do Leão  (Sindocopel), Paulo Afonso Crochemore.

O Brasil está entre os dez maiores produtores mundiais de pêssego em calda, com uma produção  estimada em 60 toneladas por ano.

Sucessão familiar 

Um dos benefícios do consumo de pêssego para a saúde é o potencial antioxidante e anti-inflamatório do fruto. Além disso, devido aos bons números de produtividade, mercado e remuneração dentro do cultivo das frutas com caroço, o pêssego é considerado uma boa opção para garantia de renda, expansão do negócio e também para sucessão familiar. A renda média estimada para a produção de pêssego em calda é de R$ 140 mil por safra.

“O pêssego é uma fruta que possibilita a permanência, no campo, dos filhos dos produtores. Vejo isso de forma geral, e mesmo na minha experiência. Meu filho se formou e retornou para nossa propriedade, trazendo conhecimento para melhorar a produtividade. E isto tem acontecido: o pessoal está estudando e voltando para produzir pêssego”, conta o agricultor familiar de Pelotas Celmar Schaffer Raffi.

“A excelência de nossa produção começa na base, com os agricultores familiares. Temos mão de obra qualificada, uso de tecnologia, apoio na pesquisa e na lavoura (com Emprapa e Emater). Tudo isso torna o nosso produto diferenciado em escala mundial”, afirma o vice-prefeito de Pelotas, Idema Barz.

Fonte: Governo do RS