Pesquisa aponta que mulheres sofrem mais preconceito no meio acadêmico após terem filhos
Estudo da UFRGS, publicado na revista Nature na véspera desde Dia das Mães, mostra a desigualdade dentro da área da pesquisa
Uma pesquisa recente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostrou que o preconceito contra quem teve filhos na ciência atinge mais as mulheres, reduzindo a participação das mesmas no mercado de trabalho.
O estudo, que foi chefiado por Fernanda Staniscuaski, do Centro de Biotecnologia da UFRGS, e publicado na revista Nature, revelou que mulheres, em decorrência da licença-maternidade, recebem uma visão negativa no ambiente da pesquisa, uma vez que existe o estigma da flexibilidade na academia — ou seja, um sistema que pune aqueles que não são os “trabalhadores ideais”. Elas também relataram que se sentiram mais pressionadas a somar novas tarefas ao seu dia a dia após o retorno da licença-maternidade.
A pesquisa ouviu 890 cientistas docentes brasileiros. O objetivo é levantar dados e discussões para que se desenvolva uma política de apoio às mães no meio acadêmico.
Alguns dos dados que mais chamam atenção são os que mostram que, no ambiente acadêmico, 63% dos pais afirmaram que não sentiram nenhuma mudança quanto a percepção dos colegas e superiores sobre a sua competência e comprometimento com o trabalho após terem filhos. Já no que diz respeito às mães, apenas 35% não notaram nenhum tipo de diferença — e as mulheres com menos de 15 anos de contratação foram as que mais perceberam o viés negativo.