Boletim epidemiológico aponta aumento da mortalidade materna e redução da infantil no RS
De janeiro a abril, o Rio Grande do Sul registrou 35 óbitos maternos por Covid-19, e durante todo o ano de 2020, foram seis casos. Os dados integram o Boletim Epidemiológico de Mortalidade Materna e Infantil do Rio Grande do Sul, que traz informações sobre mortalidade entre gestantes, puérperas, recém-nascidos e crianças até um ano […]
De janeiro a abril, o Rio Grande do Sul registrou 35 óbitos maternos por Covid-19, e durante todo o ano de 2020, foram seis casos. Os dados integram o Boletim Epidemiológico de Mortalidade Materna e Infantil do Rio Grande do Sul, que traz informações sobre mortalidade entre gestantes, puérperas, recém-nascidos e crianças até um ano durante a pandemia de coronavírus.
O médico Paulo Sérgio da Silva Mário, da Política da Saúde da Mulher da Secretaria da Saúde (SES), diz que o aumento da mortalidade materna até o momento está diretamente associado ao agravamento da pandemia e ao surgimento, no início deste ano, da variante P1 do coronavírus, “o que fez aumentar o número de casos, internações e letalidade, tanto em gestantes quanto em puérperas em todo o Estado”.
Para conter o avanço dos óbitos, “a SES tem trabalhado junto aos serviços de atenção básica e orientado sobre a necessidade da triagem das gestantes para o diagnóstico da Covid-19, com monitoramento e fluxos de encaminhamento ágeis e adequados”, afirmou Mário.
O médico também se referiu aos serviços de internação onde são feitas capacitações e atualizações para a qualificação do manejo no atendimento de gestantes “que necessitam de um serviço de internação com mais peculiaridades em relação ao público em geral”.
A área de Saúde da Mulher também está orientando que os serviços da rede de saúde adotem o “Manual de recomendações para assistência à gestante e puérpera frente à pandemia de Covid-19“, publicado pelo Ministério da Saúde, com a finalidade de aprimorar os diferentes níveis de atenção às gestantes.
Boletim Epidemiológico
O Boletim Epidemiológico foi produzido pelo Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde (DAPPS) da Secretaria da Saúde e aponta que, em 2020, o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP -Gripe) registrou 419 internações por Síndromes Respiratórias Agudas (SRAG) entre gestantes e puérperas no Rio Grande do Sul. Destas, 199 tiveram confirmação para Covid-19, com 40 internações em Unidades de Terapia Intensiva (34 recuperados e seis óbitos).
Em 2021, considerando apenas o primeiro quadrimestre, o mesmo sistema registrou um total de 406 internações entre gestantes e puérperas no Estado. Foram confirmados 323 casos de Covid-19, contando aqueles que estão em andamento ou encerrados. Entre os casos, há 106 internações em UTI, sendo que 87 foram finalizadas – 54 curados e 33 mortes, somados a dois óbitos sem internação em UTI.
Os dados de 2020 ainda são parciais, pois para finalizar o banco nacional de mortalidade materna é realizada uma investigação minuciosa dos casos, e o processo pode se estender por até um ano e dois meses até a definição do número total de casos. Até a data da publicação do boletim, o sistema de informação de mortalidade havia identificado 44 óbitos maternos, uma razão de 33,7 óbitos por 100 mil nascidos vivos.
Perfil de maior mortalidade
O perfil de maior mortalidade encontra-se em mulheres com 30 anos ou mais, negras e com menos de sete anos de escolaridade. As principais causas de morte, em 2020 foram: hemorragias (25%), pré-eclâmpsia (25%), seguidas de outros (18%), Síndromes Respiratórias Agudas não especificadas (7%), Covid-19 (11%), HIV (4%), doenças do aparelho circulatório (5%) e doenças do aparelho respiratório (5%).
Em 2019, o Rio Grande do Sul apresentou a quarta menor razão de mortalidade materna nacional, com uma taxa de 36,5 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos, ficando atrás de Distrito Federal (21,2), Santa Catarina (30,6) e Amapá (32,6)
Mortalidade infantil reduziu em 2020
Quanto aos óbitos em menores de um ano, o boletim identifica com dados preliminares que a taxa em 2020 atingiu o menor valor da história do Estado, com 8,61 óbitos para cada mil nascidos vivos, superando, portanto, a meta pactuada de 9,75 óbitos/1.000 nascidos vivos para o ano.
Comparando com os anos de 2019 e 2020, observa-se ainda que a maioria dos óbitos estão relacionados às causas perinatais e com predomínio do óbito neonatal precoce de zero a seis dias de vida.
A pediatra da equipe da Saúde da Criança da SES Andrea Leusin de Carvalho explica que “a redução significativa na mortalidade infantil se deu principalmente no componente pós-neonatal, sendo que os óbitos relacionados às doenças respiratórias tiveram uma redução proporcionalmente maior que as outras causas, provavelmente relacionados às medidas de prevenção adotadas durante a pandemia”.
A médica acrescenta que a mortalidade materna e infantil é monitorada semanalmente pela Política de Saúde da Mulher e pela Política de Saúde da Criança, ambas do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES.
Outra ação é a instalação do Comitê Estadual de Prevenção e Enfrentamento da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, com o objetivo de potencializar as ações de prevenção de óbitos evitáveis, por meio de análises aprofundadas e ações conjuntas.
• Acesse o Boletim Epidemiológico Mortalidade Materna e Infantil.