Denis Bubolz: O campo não para. Resiliência em tempos difíceis
A resiliência, definida como forma de se recobrar ou se adaptar frente as mudanças, nunca foi uma palavra tão necessária como neste momento, onde o mundo e o setor agropecuário tem enfrentado muitas mudanças de comportamento e de consumo. Sou um otimista de carteirinha. Como sempre, busco pensamentos positivos para enfrentar tempos difíceis pelos quais […]
A resiliência, definida como forma de se recobrar ou se adaptar frente as mudanças, nunca foi uma palavra tão necessária como neste momento, onde o mundo e o setor agropecuário tem enfrentado muitas mudanças de comportamento e de consumo.
Sou um otimista de carteirinha. Como sempre, busco pensamentos positivos para enfrentar tempos difíceis pelos quais passamos na vida. Tenho uma frase comigo: “Devemos ter a capacidade de olhar além daquilo que enxergamos”. Está certo, caro leitor, não está fácil neste momento. A pandemia Covid-19 chegou sem ser convidada e entrou em nossas vidas de forma avassaladora. Em alguns países, já ocorreram muitas mortes, em outros, o declínio econômico foi inevitável. O isolamento social, o engessamento de nossos negócios, tudo isso acabou nos tornando pessoas paralisadas frente a essa onda de notícias ruins e acontecimentos indigestos.
Mas vamos ao que interessa. Em toda crise econômica, os setores de serviços e indústria são os mais afetados. Nosso município concentra sua base no setor primário, ou seja, agricultura e pecuária. É a área menos prejudicada nas crises mundiais. É claro que o município está sendo atingido, mas não em grande escala como em capitais e regiões metropolitanas. Assim, a agropecuária fará um recomeço que pode demorar, mas vai acontecer. Resumindo, é o produtor rural que põe a comida na mesa. E isso não pode faltar.
O setor agropecuário passou por situações complicadas nas últimas décadas. Geralmente, em decorrência de estiagens e ao câmbio que acabava afetando nos preços de commodities e produtos em geral para exportação. Hoje, os agricultores também estão sentindo os impactos dessa crise mundial, pois o dólar tem causado a alta do preço de insumos e isso acaba aumentando o custo de produção. Além disso, a estiagem assolou a produção e a qualidade dos produtos agrícolas (soja, leite, milho, tabaco, gado, etc.) nesta última safra. Entretanto, este setor sempre conseguiu se reerguer devido a sua profissionalização e a sua capacidade de ser resiliente. Portanto, não deve deixar de investir em novas tecnologias para a safra 2021. É claro, com cautela.
Nossa maior “indústria”, ainda é a agricultura, principalmente a familiar. E essa será a base da retomada da economia no nosso município. Não será essa pandemia e nem o clima adverso que vai fazer nossos agricultores pararem. Baixar a cabeça para as dificuldades seria aceitar a derrota. Ao contrário disso, todo produtor rural deve, desde já, analisar o que deu errado e o que pode melhorar, rever seu orçamento, planejar a próxima safra e lembrar que o vento que sopra contra, também sopra a favor.
O campo não para.
DENIS BUBOLZ – COLUNISTA DIGITAL DO CANGUÇU ONLINE
É supervisor agrícola na Cadeia Produtiva do Tabaco. É formando em administração de empresas e Especialista em Agronegócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Denis Bubolz é colunista do Canguçu Online e escreve sobre o Agronegócio e Agricultura Familiar.