Canguçu, quarta-feira, 6 de novembro de 2024
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Luiz Guilherme Almeida: Muita coisa ainda não mudou

Este período, visceralmente incerto, faz com que tenhamos mais medo do que o normal. Nos últimos dias, as intensas notícias – nuvem de gafanhotos, potencial surto de H1N1, ciclone bomba – acentuaram com insegurança os nossos dias. Nossa existência, sempre foi o curto espaço de tempo em que aproveitamos para celebrar os momentos. As etapas […]


Este período, visceralmente incerto, faz com que tenhamos mais medo do que o normal. Nos últimos dias, as intensas notícias – nuvem de gafanhotos, potencial surto de H1N1, ciclone bomba – acentuaram com insegurança os nossos dias.

Nossa existência, sempre foi o curto espaço de tempo em que aproveitamos para celebrar os momentos. As etapas da vida não mudaram. Nós, principalmente agora, até tentamos acelerar, mas cada ciclo tem sua hora para se suceder.

Lidamos, recentemente, com a perda de pessoas importantes e únicas para outras pessoas. A vida segue sendo autoritária, igual a nossa mãe dizendo que “não é não”. A partida, por sua vez, nunca foi nem será igual. Não é apenas aquele “acabou e pronto”. Nós sempre achamos que teremos mais tempo e, repentinamente, deixamos pistas de uma vida inteira para trás.

O tempo para conjugar todos os verbos da Língua Portuguesa, também não mudou. Porém, estamos aprendendo a não perder linhas preciosas com nossos pretéritos.

Continuamos a buscar mais os sonhos do que perder tempo com pesadelos. Peço licença a Saint Exupéry, pois tornamo-nos não só responsáveis pelo que cativamos, mas também pelo que dedicamos um sopro de vida.

A vida segue sendo curta. Algo se encerra para que outra coisa nova nasça. O que mudou foi o nosso jeito de enxergar a passagem de Eclesiastes 3. Tudo tem o seu tempo. Somos velas acesas por uma chama poderosa chamada amor. Para que perder tempo com as tristezas? Lágrimas apagam o fogo. Para que perder tempo com discussões? Pavios curtos sempre queimam primeiro.

Tudo ainda é vida. O ar que respiramos. A chuva que escorre pelos telhados. O ônibus que atrasa. Tudo, no princípio, é vida.

É bem mais provável que, um dia, nós mesmos, sem pandemia, com tanta tecnologia e ódio, consumaremos nosso poder de viver. E não é uma boa hora para descobrir se isso é verdade. Vá usar máscara e evitar aglomerações, sim!

Uma bomba nuclear, uma nuvem de gafanhotos, um ciclone ou que for, podem até acabar com tudo, mas ainda assim, haverá uma vida antes dela. Haverá uma voz a cantar Gonzaguinha: “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”

Pensando bem, o nosso “modo vida” é a única coisa que muda. Na incerteza de ter oportunidade, ou não, de um amanhã para conjugar o futuro, vamos aprender com o que muda e deixar-nos levar pelo que ainda há de acontecer.

E se não acontecer, com toda a certeza, já teremos mudado…

 

Autor:

Luiz G. H. Almeida
Professor de Produção textual- CFNSA
Marketing e Comunicação- CFNSA
Locutor- Rádio Canguçu FM
Bacharelando em Letras/RRT – UFPEL
Bacharelando em Jornalismo- UCPEL