Mutirão Central Cidadania segue até domingo (23) com mais de 7,2 mil atendimentos realizados desde segunda (17)
Entre os serviços mais procurados está a segunda via da Carteira de Identidade
Em fase final, a primeira edição do mutirão Central Cidadania segue disponibilizando até domingo (23), no estacionamento do Shopping Total, em Porto Alegre, diversos serviços à população gaúcha, como emissão de documentos. Com atendimento das 13h às 18h, o foco é no acesso rápido e dinâmico. Entre segunda (17) e sexta-feira (21), foram realizados 7.295 atendimentos. Os serviços mais procurados foram emissão da segunda via da Carteira de Identidade, certidões de nascimento e casamento, assistência jurídica, benefícios sociais, previdenciários e atendimento para migrantes. O resultado da força tarefa de 41 instituições já é percebido na ponta pela sociedade.
“O evento é muito bom. Eu tenho dificuldade para caminhar e ficar muito tempo em pé. Seria complicado ir em vários lugares diferentes e aqui está tudo facilitado”, disse a moradora da Vila Farrapos, Melisandra Bessa dos Reis, 53 anos, que perdeu toda mobília e boa parte dos documentos com as enchentes. “Além disso, as pessoas são muito bacanas. Eu ganhei a ficha de preferência por conta dos meus problemas de saúde. Os atendentes nos orientam perfeitamente para conseguirmos acessar os benefícios que temos direito”, afirmou.
Melissandra relembrou os momentos tensos do seu resgate, dificultado pelos problemas de saúde que possui, como asma, pressão alta e apnéia. “Perdemos tudo. Eu saí antes de casa e fui para uma amiga. Achei que a água não chegaria lá e ela chegou. Daí, saí de barco e fui para a casa do meu filho”, contou.
Segundo o secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Fabrício Peruchin, todo o trabalho de articulação foi fundamental para que os serviços estivessem no mutirão. “Deixamos, com esse evento, um legado de articulação e trabalho em rede. Aqui todas as instituições estão próximas e conectadas, facilitando para que o cidadão consiga resolver os seus problemas”, afirmou.
Essa possibilidade chamou a atenção de Fender Meticien, 36 anos, migrante haitiano e morador do bairro Farrapos, que descobriu a Central Cidadania ao notar, durante o seu trabalho no estoque de um supermercado, a movimentação das autoridades no Shopping Total. “Estava em meu trabalho, vi a movimentação da Defesa Civil e de autoridades e fui perguntando. Assim, descobri que estão disponibilizando diversos serviços aqui, como o Cadastro Único para receber o benefício do governo. Isso é importante, ter tudo perto”, compartilhou. Fender contou que ficou no abrigo do clube Lindóia, em Porto Alegre, com sua família – esposa, filho de sete anos e enteado de 11 anos – durante 30 dias e recentemente retornou para sua casa.
Com todo o sofrimento vivido, as pessoas se sentem acolhidas pelas atendentes da Central Cidadania, o que é destacado pela técnica em enfermagem Nelsi Fernandes de Abreu, 66 anos. “Quando cheguei aqui, as gurias já me atenderam de maneira preferencial. Já fiz até minha segunda via da identidade e farei o cadastro no CadÚnico. Os atendimentos são muito bons, está tudo aqui, unificado, o que facilita o nosso acesso”, afirmou.
Documentos e serviços gratuitos em um único lugar
A iniciativa de promover um mutirão unificado oferecendo, em um único lugar, documentos e serviços gratuitos ao cidadão, surgiu por meio de uma parceria firmada através de termo de cooperação entre as instituições, assinado pelo governador Eduardo Leite. Segundo a diretora do Departamento de Justiça da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), Viviane Viegas, o grande objetivo era o de acolher e colaborar para amenizar a dor de tantas pessoas. “A ação foi toda construída e pensada na acessibilidade do cidadão aos seus direitos, propiciando desde o transporte gratuito até os serviços de orientação”, destacou.
No entanto, o evento não atende somente as pessoas que foram afetadas diretamente pelas enchentes. Um dos exemplos é o da artesã Noeli Lopes, 37 anos, moradora da aldeia indígena Por Fi Gã, em São Leopoldo. “Nossas casas não foram alagadas, mas fomos atingidos porque trabalhamos na rua, dependemos dos nossos artesanatos”, afirmou. “Com as enchentes, não conseguimos mais encontrar o material para produzir balaios, flechas e cocares. Então, viemos aqui tentar encontrar os benefícios que o governo está oferecendo”, disse.
Para ela também foi a oportunidade de fazer a documentação dos sobrinhos. “Nós indígenas, precisamos da mesma forma que as outras pessoas precisam dos benefícios. Eu achei muito interessante a ação e fiquei muito contente da informação ter chegado até nós na aldeia”, compartilhou.