Pesquisador lamenta destruição de casarão na Coxilha dos Pereira, 3º Distrito
O pesquisador João Nei Pereira das Neves lamenta tomar conhecimento da destruição de um casarão bicentenário, construído nos anos de 1800, no alto da Coxilha dos Pereira, 3º Distrito de Canguçu. Leia a publicação na íntegra: Não costumo fazer deste espaço local para expressar meus sentimentos, mas neste momento, me utilizarei desta ferramenta. Quem me […]
O pesquisador João Nei Pereira das Neves lamenta tomar conhecimento da destruição de um casarão bicentenário, construído nos anos de 1800, no alto da Coxilha dos Pereira, 3º Distrito de Canguçu.
Leia a publicação na íntegra:
Não costumo fazer deste espaço local para expressar meus sentimentos, mas neste momento, me utilizarei desta ferramenta. Quem me conhece e convive comigo, sabe o quanto sou dedicado a preservação da cultura e da história e principalmente se tratando da história da minha família, a qual com muito amor e carinho pesquiso a mais de 30 anos, em Canguçu, no Rio Grande do Sul, Brasil (partes) e em Portugal (Açores), quando lá estive no ano de 2005.
Hoje lamentavelmente meus olhos presenciaram uma cena, que aos 53 anos de idade, jamais imaginava que um dia eles iriam ver.
Vi brutalmente ser arrancado e destruído o casarão bicentenário, construído nos distantes anos de 1800, pelos meus bisavós Henrique Pereira das Neves e Maria Joaquina Barbosa Pereira. O imponente casarão encravado no alto da Coxilha dos Pereira, no 3º subdistrito de Cancuçu-RS, contava a história de dois séculos dos “Pereira das Neves” daquela região, que por ele passaram.
Ali nasceu uma numerosa prole de filhos, netos, bisnetos, trisnetos e tetranetos somando um número de mais de 1500 pessoas, que nele possuíam um pouquinho de sua história registrada. Destruído e servirá de aterro a uma ponte local, segundo comentários (quando deveria ser competência do poder público do município).
Levas contigo Velho Casarão, as histórias que em ti foram vivenciadas: sonhos, amores, casamentos, nascimentos, batizados, festas, bailes, episódios de revoluções, velórios… enfim todas as manifestações de vida que por ti passaram.
Eras sem dúvida um dos marcos restantes da cultura açoriana da região, tão sufocada no município de Canguçu.
Obrigado casarão querido, por ter abrigado tanto em teu seio acolhedor principalmente no passado… Obrigado por servir de artigo publicado em livros… Obrigado por compor capítulo de minha dissertação de mestrado… Obrigado por tantos anos ter constituído a bela paisagem que alegrava nossos olhos, sempre altaneiro e imponente sentinela da coxilha.
Dói em mim casarão te ver por terra e partir… levas contigo um pouquinho de minha história, que apesar de não ter nascido em tuas dependências, cresci em tua volta, ouvindo bonitas histórias contadas pelos meus tios que também já se foram… Levas contigo a certeza que enquanto eu existir, toda vez que eu passar pelo local onde existias, irá ferir minha alma em repúdio a tal ato e de não te ver mais ali.
Vai… Velho Casarão! servir de aterro! Certamente tua última missão, para que as atuais e futuras gerações pisoteiem e rodem sobre ti, soterrando para sempre tua linda história…
Levas contigo meus eternos sentimentos…
Com tua partida:
– Perde a história dos “Pereira das Neves” da localidade
– Perde a história da Coxilha dos Pereira.
– Perde um pouquinho a história de Canguçu e do Rio Grande do Sul…
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