Reitor da UFPel defende lockdown por 15 dias no país
O número de infectados segue em alta no país. O total de mortes atingiu 43.959, na noite de segunda-feira (15). Pelo tempo que o novo coronavírus circula pelo Brasil – esta será a 17ª semana, desde o registro do primeiro caso, em 26 de fevereiro -, a curva de disseminação da doença já deveria estar […]
O número de infectados segue em alta no país. O total de mortes atingiu 43.959, na noite de segunda-feira (15). Pelo tempo que o novo coronavírus circula pelo Brasil – esta será a 17ª semana, desde o registro do primeiro caso, em 26 de fevereiro -, a curva de disseminação da doença já deveria estar em queda. A estratégia de controle, portanto, deverá ser extrema: “A solução neste momento é fechar as portas do país por 15 dias, para forçar a curva a entrar na descendente”.
A declaração é do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, coordenador dos estudos populacionais que analisam a velocidade com que o vírus se alastra no Rio Grande do Sul e também em nível nacional. A proposta de lockdown, rigoroso, será defendida em reunião com representantes do Ministério da Saúde, nesta quinta-feira, em Brasília.
Ao conversar com o Diário Popular, o reitor criticou as medidas que têm sido adotadas no Brasil, chamou-as de política kamikaze e foi taxativo: sem um enfrentamento efetivo da Covid19, o país empurra o pico para cima. Não haveria como estimar por quantas semanas o novo coronavírus ainda seguirá com fôlego, se nenhuma ação para estancar o processo for implementada.
“O Brasil resolveu desafiar o vírus”
Dados da pandemia, no mundo, têm mostrado que por volta da 13ª semana de circulação o vírus tende a começar a perder força, quando conciliado com o confinamento da população. Não foi o que ocorreu no Brasil e está longe de acontecer. E por quê? Por aqui, no momento em que o cerco deveria ter cado ainda mais apertado – em função de o contágio estar em alta -, os governos passaram a flexibilizar e cada vez menos pessoas mantêm o distanciamento social.
Na prática, o Brasil alimenta uma equação desastrosa. De um lado, este é o momento em que o país tem mais pessoas contaminadas. De outro, cresce o número de cidadãos suscetíveis ao contágio nas ruas. Uma condição favorável, apenas para o novo coronavírus. “O Brasil tem um monte de infectados e um monte de suscetíveis e está colocando eles pra se encontrar no meio da rua”, compara o reitor. E reforça: “A gente tá dando pessoas de bandeja pro vírus infectar. É isso”.
Daí a aposta no efeito positivo do lockdown – enfatiza Pedro Hallal, como doutor em Epidemiologia. Resultados obtidos em países como Espanha, Itália e Estados Unidos permitem armar que, após entrar em queda, a curva de transmissão não voltou a subir. É como se o vírus entrasse em um período de saturação. Como já está em circulação há mais de três meses e meio, no Brasil, e não encontraria pessoas para infectar, entraria em baixa.
* Confira alguns números da Covid-19
– Os dez países com mais casos conrmados, no mundo:
1°) Estados Unidos: 2.107.632
2°) Brasil: 888.271
3° Rússia: 536.484
4°) Índia: 332.424
5°) Reino Unido: 298.315
6°) Espanha: 244.109
7°) Itália: 237.290
8°) Peru: 229.736
9°) França: 194.305
10°) Irã: 189.876
* A cidade brasileira com maior índice de infectados:
– Boa Vista, capital do estado de Roraima: 25% da população.
Foi um dos apontamentos da pesquisa nacional coordenada pela UFPel.
O índice é também um dos mais preocupantes, se comparado ao de outras nações.
Fonte: Jornal Diário Popular