Polícia investiga vazamento de informações sigilosas da Justiça gaúcha
Escritórios teriam acesso antecipado, por exemplo, a pedidos de prisão de suspeitos
Uma operação da Polícia Civil deflagrada nesta quarta-feira (7) investiga um suposto esquema de vazamento de dados de processos, que envolveria o uso de senhas do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado. Dois funcionários do TJ — cujas senhas de acesso a procedimentos judiciais teriam sido usadas para acessos indevidos — são alvo da investigação, além de três advogados.
O trabalho, que apura violação de sigilo funcional e possível comércio de senhas do Poder Judiciário, é da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, com participação do Núcleo de Inteligência e da Corregedoria do TJ.
Estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão no prédio II do Fórum Central de Porto Alegre e em casas e escritórios de suspeitos na Capital e também em Alvorada e Viamão, além de Londrina, no Paraná.
Desconfiança
A investigação começou em 2022, quando advogados fizeram pedido de acesso a um procedimento sigiloso, no qual constavam pedidos de prisão de investigados. Antes mesmo de conseguirem acesso ao expediente ou de o pedido de prisão ser analisado pelo juiz, os defensores ingressaram com habeas corpus preventivo em favor dos investigados.
A situação chamou atenção e faz a polícia acreditar que eles já tinham conhecimento dos pedidos de prisão. O TJ foi alertado e o trabalhou de apuração começou internamente. Os nomes dos investigados não foram revelados pelas autoridades, que não descartam o envolvimento de mais advogados e servidores.
O foco da apuração é entender como as senhas foram usadas: se eram emprestadas ou vendidas, se os funcionários do Judiciário foram coagidos a fornecê-las ou até se as senhas foram obtidas por meio de hackeamento, depois de invasão do sistema.
Outro ponto é verificar como as senhas circulam entre advogados, o que possibilita o vazamento de informações sigilosas de operações policiais, de processos, de pedidos de prisões e de outros expedientes. Advogados das áreas cível e bancária acessaram processos criminais.
*Com informações GZH