Canguçu, sábado, 30 de novembro de 2024
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VÍDEO: Depois de 32 dias, Élbio Soria terá alta

Vida nova. O futuro de Élbio Soria Leite, 54 anos, será definido por essas duas palavras. Ele é um dos cinco pacientes curados de Covid-19 em Santa Maria. A volta que ele fez para se recuperar, no entanto, foi maior: foram mais de 30 dias internado no Hospital de Caridade, sendo 19 na Centro de […]


Vida nova. O futuro de Élbio Soria Leite, 54 anos, será definido por essas duas palavras. Ele é um dos cinco pacientes curados de Covid-19 em Santa Maria. A volta que ele fez para se recuperar, no entanto, foi maior: foram mais de 30 dias internado no Hospital de Caridade, sendo 19 na Centro de Terapia Intensiva (CTI). Entubado e com ventilação mecânica, Élbio não só se recuperou, mas resinificou a vida.

Policial militar da reserva, Élbio voltou de um cruzeiro com a família quando se sentiu mal. Mesmo residente de Canguçu, ele já era paciente de um médico de Santa Maria quando tratou um câncer, atualmente controlado. O médico pediu, então, que Élbio fizesse uma tomografia na Clínica Radiol em Canguçu. Ao analisar o resultado, o médico suspeitou que fosse um caso de coronavírus e, prontamente, pediu que Élbio viesse para a cidade.

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– Ninguém quer ficar doente. Mas nós temos que acreditar em Deus, manter a esperança que tudo vai dar certo. Já esperava que pudesse ser coronavírus pelos sintomas – emociona-se.

Élbio foi atendido no Pronto-Socorro do Hospital de Caridade e internado em 25 de março. Conforme o médico infectologista Leonardo Batista Franco, que fez parte da equipe de tratamento de Élbio, o quadro respiratório foi piorando pela Covid-19.

– A piora foi respiratória, da imagem do pulmão. É a piora da doença. A Covid atacando mesmo. Foram momentos difíceis para todos os médicos por não saber como a doença age. Até para tomar condutas, não sabemos que caminho a doença segue – explica.

Em 31 de março, veio a necessidade da ventilação. Nesse dia, Élbio ligou para a esposa para avisar sobre a entubação.

– Eu falei que ia dormir, mas não sabia quantas horas. Eu estava tranquilo, sempre esperando melhorar – conta.

A técnica de enfermagem Carina Nunes Leite, 49 anos, entendia o procedimento por trabalhar na área da saúde. Mesmo assim, os dias seguintes foram demorados para passar.

– Quando ele me ligou, eu tentei passar calma, porque isso era para o bem dele, que estaríamos rezando por ele. Tivemos muita fé. Tinha horas que parecia que não íamos vencer, mas víamos na imprensa que os casos são demorados e mantínhamos a fé. Não desejamos isso para ninguém – desabafa.

Ela chegou a ter a confirmação para o vírus a partir de um exame em um laboratório particular de Santa Maria, mas não apresentou sintomas.

Na CTI, o quadro de Élbio tornou-se crítico. O tratamento seguiu voltado para o suporte ventilatório. Enquanto Élbio esteve sob ventilação, tentava-se estimular uma melhor resposta dos pulmões com uma técnica comum em CTIs, a ventilação prona, em que o paciente é posto de bruços. Nestes casos, as estatísticas não são positivas.

– É um drama além da doença, porque a família deixa de ter acesso à pessoa. É bem angustiante para a família. Quando o paciente é grave, a primeira coisa que fazemos é um contato com os familiares para passar confiança, é criado um vínculo, mas até poucos dias eu só falei por telefone com eles – conta o médico.

Entretanto, a superação de Élbio se mostrou grandiosa não apenas pelos dias internado. A melhora veio de maneira incomum para casos de Covid. Enquanto o usual é a recuperação gradual, Élbio avançou rapidamente até não precisar mais da ventilação, acordar e ir para o quarto em 18 de abril.

– Ele começou a melhorar em alguns dias, e foi estranho porque ele teve uma melhora súbita. Depois disso, em questão de 48 horas, o paciente já estava fora do tubo e acordando. E ele respondeu bem. É uma doença que tem relato de piora clínica, tivemos o cuidado com o paciente, que a doença não estaria reativando – conta o médico.

As lembranças ainda são difíceis de assimilar. O dia em que acordou ainda não é bem lúcido na memória, mas o primeiro pensamento é memorável para Élbio: assim que acordou pensou na família. No quarto, a situação de alívio aumentava graças à melhora e à companhia da esposa.

– Eu fui lembrando aos poucos, o dia que acordei não lembro. A primeira coisa que pensei foi na minha família – lembra Élbio.

Finalmente, Élbio vai poder seguir a principal recomendação da pandemia: ficar em casa. Ele vai com a família ainda nesta segunda para Canguçu. Na certidão, seu aniversário é em 8 de dezembro. Mas seu nascimento também é em 27 de abril.

*Fonte: Matéria publicada originalmente pelo jornal Diário de Santa Maria
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