Governo desiste de pesquisa da UFPel sobre Covid-19
O Ministério da Saúde não deve renovar o financiamento à pesquisa do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotasque mapeia a prevalência do coronavírus no país. A decisão, embora ainda não tenha sido oficializada, já é dada como certa pelo reitor da UFPel e coordenador do estudo, Pedro Hallal. Nesta terça-feira (21), em […]
O Ministério da Saúde não deve renovar o financiamento à pesquisa do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotasque mapeia a prevalência do coronavírus no país.
A decisão, embora ainda não tenha sido oficializada, já é dada como certa pelo reitor da UFPel e coordenador do estudo, Pedro Hallal.
Nesta terça-feira (21), em agenda em Porto Alegre para anúncio de investimentos para enfrentamento à pandemia, o ministro interino Eduardo Pazuello falou sobre o assunto.
“A pesquisa estava muito boa, mas estava muito boa com dificuldade de ter posição nacional”, avaliou. Segundo ele, os resultados obtidos nas entrevistas e coletas feitas em todos os estados do país não apresentavam panorama ideal da pandemia. Embora tenha justificado a interrupção do estudo diante da dificuldade em obter uma visão nacional, afirmou que está em avaliação no governo a adoção de mapeamentos voltados especificamente a cada uma das regiões.
“Para efeito de Brasil a gente precisaria mudar alguns focos do que foi contratado com universidades e estamos discutindo isso. Fica muito regionalizada. Tivemos dificuldade de transferir o raciocínio, fazer uma triangulação das ideias para efeito de Brasil como um todo. O Brasil é muito heterogêneo e a gente precisaria de pesquisas individualizadas em cada região do país. É o que estamos avaliando”, concluiu Pazuello.
A interrupção do trabalho da UFPel se dá após três etapas de entrevistas e coletas realizadas em 133 cidades do Brasil. A Epicovid19-BR fez testes em 89.397 pessoas, sendo considerado o maior estudo epidemiológico sobre o coronavírus no mundo.
Entre as informações obtidas estão itens importantes para acompanhamento da doença no país e capazes de nortear medidas de controle da pandemia como a proporção da população que já teve contato com o vírus, velocidade de expansão, taxa de letalidade, diferenças de evolução do vírus em diferentes regiões e as populações mais atingidas (sexo, idade, cor da pele e nível socioeconômico).
”Ministério não sabe o que fazer”
Hallal diz lamentar que a universidade não tenha sido comunicada oficialmente da avaliação feita pelo Ministério da Saúde de substituir a pesquisa. “Acho até uma falta de respeito que eu seja comunicado pela mídia.” O reitor defendeu a continuidade do acompanhamento do coronavírus, mesmo que não seja com a UFPel.
Entre as alternativas sobre a mesa de Pazuello estão utilizar mapeamento do IBGE através da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad Covid).
Questionado se as ações tomadas pelo governo federal até o momento teriam levado em conta os resultados da Epicovid19-BR, Hallal criticou a condução do enfrentamento à pandemia. “Talvez esse seja o motivo de não termos outras fases (da pesquisa). Parece que o ministério não sabe muito bem o que fazer com os resultados”.
O custo total do estudo epidemiológico foi de R$ 12 milhões, valor que teve sua última parte quitada esta semana pelo ministério. No Estado, trabalho permanece Embora tenha havido a ruptura com o trabalho em nível nacional, o Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel continuará coordenando a Epicovid19 no Rio Grande do Sul.
No próximo final de semana será aplicada a sexta etapa em nove municípios de diferentes regiões do Estado. Ao todo estão previstas oito rodadas que devem ser encerradas em setembro. Nas cinco já concluídas foram entrevistadas e testadas 22.189 pessoas.
Fonte: Diário Popular.