Junho Laranja: Brasil tem 150 mil internações anuais devido a queimaduras de pele
Desse total, 30% dos casos são em crianças, que são mais vulneráveis a acidentes domésticos, principalmente com líquidos quentes. Segundo André Paggiaro, cirurgião plástico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e especialista em queimaduras, os acidentes com líquidos aquecidos correspondem a quase 50% dos casos de queimaduras em crianças. Por isso, no […]
Desse total, 30% dos casos são em crianças, que são mais vulneráveis a acidentes domésticos, principalmente com líquidos quentes. Segundo André Paggiaro, cirurgião plástico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e especialista em queimaduras, os acidentes com líquidos aquecidos correspondem a quase 50% dos casos de queimaduras em crianças. Por isso, no mês de junho, acontece a campanha Junho Laranja, que busca conscientizar a população sobre maneiras de prevenção dessas queimaduras.
Tipos de queimadura
As queimaduras de pele podem ser classificadas em três graus possíveis. As queimaduras de primeiro grau são leves e simples, como a queimadura de sol quando vamos à praia. “É uma queimadura bem superficial, que você só tem calor, dor, fica aquela vermelhidão em geral”, explica Paggiaro. As de segundo grau envolvem a formação de bolha e, por fim, as queimaduras mais graves são as de terceiro grau: “As queimaduras de terceiro grau são aquelas em que você destrói toda a epiderme e toda a derme. Aquela queimadura é bem esbranquiçada e o paciente não sente dor. Ela forma como uma carapaça”.
Num primeiro momento, logo após a queimadura acontecer, é necessário alguns cuidados e atenção ao tamanho da lesão. “O que você deve fazer é colocar a queimadura em água corrente e procurar um atendimento médico, a não ser que seja uma queimadura muito pequenininha. Uma queimadura que já é um pouco maior quase sempre vai precisar de avaliação de um profissional da Saúde, porque você vai ter que indicar um curativo. Mesmo que não seja uma queimadura grande que não precise de internação, você vai ter que fazer algum curativo adequado, você vai ter que fazer uma limpeza, vai ter que decidir se vai retirar a bolha ou não e fica difícil para a população em geral saber o que fazer”, diz Paggiaro.
Alta mortalidade
Paggiaro comenta também que uma das preocupações dessa área é em relação aos traumas elétricos, que são os acidentes ocasionados pela eletricidade. “Esses traumas elétricos em geral vão estar associados às questões ocupacionais, ou seja, o trabalho. Outra coisa comum que acontece é aquelas pessoas que vão mexer na eletricidade sem estar preparado ou que vai roubar o fio de cobre, todas essas situações que geram o risco da queimadura por eletricidade”.
O especialista ainda alerta sobre a alta mortalidade das queimaduras por eletricidade: “Se você acaba não morrendo, você acaba evoluindo com complicações muito graves como amputação, uma amputação de perna ou de braço”. Esse tipo de queimadura acomete principalmente adultos e idosos em situação ativa.
Tratamento
Os cirurgiões plásticos são fundamentais no processo de recuperação desses pacientes, juntamente com uma equipe multidisciplinar, que cuidará de outros aspectos do corpo que são afetados pela queimadura: “Você vai precisar da enfermagem, que vai ser super importante na troca dos curativos, você vai precisar da fisioterapeuta, porque vai ter que manter a movimentação desse paciente, você vai precisar da ação do nutricionista, porque o queimado acaba gastando muito do seu aporte nutricional, a participação do psicólogo, imagine todos os traumas envolvidos numa queimadura. E o cirurgião plástico, que vai também participar disso cuidando da ferida e operando esse paciente”, conclui Paggiaro.
Fonte: Jornal da USP