Canguçu, terça-feira, 26 de novembro de 2024
Menu

Delegado César Nogueira avalia um ano à frente da Polícia Civil de Canguçu

O mês de setembro de 2021 marcou o primeiro ano de César Nogueira à frente da Polícia Civil de Canguçu. O delegado de 32 anos, que foi nomeado depois de ser aprovado em um concurso com mais de 16 mil inscritos, conversou com o Canguçu Online e falou sobre o saldo dos primeiros 365 dias […]


O mês de setembro de 2021 marcou o primeiro ano de César Nogueira à frente da Polícia Civil de Canguçu. O delegado de 32 anos, que foi nomeado depois de ser aprovado em um concurso com mais de 16 mil inscritos, conversou com o Canguçu Online e falou sobre o saldo dos primeiros 365 dias ocupando o posto. Ele ainda falou sobre os próximos desafios. Confira na entrevista abaixo:

Canguçu Online: Como é possível avaliar este primeiro ano como delegado titular do município de Canguçu?

Delegado César Nogueira: O primeiro ano foi bem importante para conhecer os policiais que já trabalhavam aqui e para começar a organizar a delegacia. Desde que cheguei falei que o importante, antes de ter resultados positivos, era organizar o que estava um pouco desalinhado. Foi muito tempo que Canguçu ficou sem delegado titular, então inevitavelmente as coisas foram se desalinhando. Usamos este período, portanto, para alinhar os procedimentos de trabalho.

Além disso, foquei bastante na estruturação da delegacia, a estrutura física, que passava por problemas até na aparência. Pintamos, fizemos reformas de reboco, churrasqueira, arrumamos o arquivo que foi para um lugar próprio, enfim, colocamos a nova identidade visual da polícia na fachada da delegacia. Demos uma cara a ela, que ficou bem melhor apresentada, e que trouxe, para quem trabalha ali e para a comunidade, mais prazer.

Esse cuidado demonstra que existe uma atenção por parte da polícia em relação à comunidade. Demonstra o comprometimento da equipe que está ali. Trouxemos também para Canguçu o Programa Mediar, que é o programa de mediação da Polícia Civil, no qual são possíveis acordos já na delegacia. Esses acordos geram respostas mais rápidas para a comunidade e também traz como benefício o fato de não engessar o Poder Judiciário.

Prédio da Delegacia de Polícia de Canguçu antes das melhorias (Foto: divulgação)
Prédio da Delegacia de Polícia de Canguçu depois das melhorias (Foto: divulgação)

Canguçu Online: Haverá uma sala específica para o Programa Mediar, correto?

Delegado César Nogueira: Sim, junto ao Programa Mediar veio necessidade de fazer uma sala para ele. Então, como tínhamos a ideia de criar uma sala para o Programa Mediar, estamos montando. Será também um espaço para a Sala das Margaridas, e onde serão realizadas as mediações.

Canguçu Online: Qual está sendo a resposta gerada pelo Programa Mediar para a comunidade?

Delegado César Nogueira: Os casos solucionados através dele acabam de fato sendo solucionados a partir daí. As pessoas não voltam à delegacia trazendo o mesmo problema, como acontece com casos tradicionais, que têm medida punitiva, com sanção. Uma pena para um vizinho, por exemplo, traz ainda mais problemas. Quando as pessoas chegam ao Programa Mediar, já chegam com o espírito mais leve. Sentam numa mesa para conversar, desarmadas.

Eu achava que veria muitas brigas nessas reuniões, mas não. Chegam numa mentalidade de já resolver esse problema. E pelos acompanhamentos que temos feito, que preveem 60 dias de acompanhamentos dessas mediações exitosas, os problemas de fato têm se resolvido.

Canguçu Online: Com um delegado titular, é de se imaginar uma evolução nos resultados alcançados pela Polícia Civil. Qual o saldo deste primeiro ano?

Delegado César Nogueira: Embora tenha sido um período de ajustes, para ajustar procedimentos, já tivemos excelentes resultados. Tivemos 1391 ocorrências registradas presencialmente, 741 procedimentos remetidos ao Poder Judiciário e 52 prisões realizadas. Enquanto a maioria das instituições pararam pela pandemia, a Polícia Civil não parou um dia sequer.

Embora sempre incentivássemos o registro online, até por ser mais cômodo, sempre prestamos o serviço na delegacia, frente a frente, olho no olho. Na delegacia, das dez pessoas que trabalham, oito foram infectadas nesse período. Hoje, felizmente todos estão bem e vacinados. Mas o quero dizer é que o registro online é uma alternativa. O presencial sempre vai estar lá à disposição da população.

Imagem: divulgação Polícia Civil de Canguçu

Canguçu Online: Como foi recebido por Canguçu ao longo deste um ano?

Delegado César Nogueira: Fui muito bem recebido. De lá para cá as relações só melhoraram. As relações com as instituições foram ótimas. Esse também foi um dos ganhos: o estreitamento com as instituições que atuam aqui no município. Hoje existe uma relação muito boa. Embora tenhamos atores atuando em lados diferentes, todos estão com o mesmo propósito. Quanto à comunidade, só melhora. Moro na cidade e por onde passo sou sempre bem tratado. Só tenho a agradecer a Canguçu por este primeiro ano.

Canguçu Online: De agora em diante, quais as maiores preocupações do senhor?

Delegado César Nogueira: Hoje vejo como maiores preocupações uma das ocorrências mais registradas. Os estelionatos e extorsões. Os golpes. Canguçu tem sofrido muito com os golpes praticados por telefone, internet, WhatsApp. Já vem sendo e será cada vez mais um desafio enfrentar esta prática criminosa e levar cada vez mais informações para a comunidade para não cair nesses golpes.

A salvação para este tipo de crime é informação. Porque é praticado por pessoas de fora do município, estados distantes, às vezes de dentro de presídios. É ruim dizer isso, mas preciso ser sincero ao falar que não vamos conseguir resolver todos esses crimes depois que acontecerem. Então precisamos trabalhar com informação para impedir que se alastre essa prática criminosa tão recorrente no município.

Canguçu Online: Qual é um dos golpes mais aplicados?

Delegado César Nogueira: O golpe dos nudes. Um perfil falso do Facebook adiciona um homem nessa rede social e depois começa a conversa no bate-papo. Em determinado momento, o perfil fake envia fotos íntimas e a vítima também envia, para o perfil falso. A conversa vai se desenrolando e passam a conversar no Whats. Com uma relação mais íntima iniciada, trocam fotos, batem papo.

Depois, um outro Whats se passa por delegado ou agente da Polícia Civil. E esse fake diz que a vítima estava falando com uma menor de idade e que, para não ser preso, o cidadão precisa fazer depósito de determinado valor. E depois essa extorsão vira frequente. Primeiro pedem mil, depois pedem mais, e criam uma continuidade, chegando a valores muito elevados.

Canguçu Online: O que a vítima deve fazer neste caso?

Delegado César Nogueira: Deve parar de conversar, mas não fazer o bloqueio do WhatsApp do criminoso ainda. É preciso ir imediatamente na Delegacia de Polícia. Não se deve fazer o bloqueio para que possamos ver a conversa e pegar informações que ajudem na investigação.

Canguçu Online: Há outros casos ainda?

Delegado César Nogueira: Sim. O da clonagem de WhatsApp, por exemplo. Por isso temos trabalhado cada vez mais com informativos, a fim de ajudar a população a evitar golpes.

Imagem: divulgação Polícia Civil