Canguçu, terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Internautas se revoltam com nomes divulgados em páginas de fofoca de Canguçu

Grupos de fofoca costumam causar incômodo de forma presencial e na internet são ainda mais constrangedores para quem é exposto. Em Canguçu, nos últimos meses, a prática de exposição de fofocas nas redes sociais tomou força após a criação de páginas no Instagram e Twitter. Relato de uma vítima Em contato com a equipe de […]


Grupos de fofoca costumam causar incômodo de forma presencial e na internet são ainda mais constrangedores para quem é exposto. Em Canguçu, nos últimos meses, a prática de exposição de fofocas nas redes sociais tomou força após a criação de páginas no Instagram e Twitter.

Foto: reprodução print enviado pela vítima

Relato de uma vítima

Em contato com a equipe de reportagem do Canguçu Online, uma adolescente de 16 anos informou ter sido vítima de exposição em uma página de fofoca existente no Instagram.

“Faz algumas semanas que fizeram uns quatro grupos de “Fofocas de Canguçu”, no Instagram. Esse grupo tá usando o nome das pessoas, colocando o nome das pessoas sem autorização, falando mal das outras, inclusive de mim.

Estão inventando coisas das pessoas e de mim, foram coisas horríveis. Tem gente que está prometendo bater nas outras, eu sou uma, por exemplo (…) uma guria tá prometendo me bater. Estão usando os nomes das pessoas e isso nem pode, por lei”, relatou a vítima.

Foto: reprodução print enviado pela vítima

Com medo, ela decidiu não divulgar sua identidade e relata não ter coragem de realizar a denúncia, mesmo que de forma anônima. “Isso tem que acabar, estão perseguindo as pessoas, acabando com a paz das pessoas. Ficam falando e botando as pessoas para baixo, (mexendo com) a auto estima”, lamenta.

Os grupos vem oscilando entre intensificar e apagar as divulgação, nas últimas semanas. Isso porque alguns internautas, que também foram expostos nestas páginas de fofoca, entraram em contato com as mesmas para solicitar que suas citações fossem apagadas.

Penalidades

O hábito de fofocar tomou dimensões diferentes a partir do momento em que foi ampliado para a internet. Além dos crimes relacionados a calúnia e difamação, existem outras penalidades previstas para quem expõe internautas, sem consentimento.

Denúncia

A equipe de reportagem do Canguçu Online procurou a advogada Lia Leal para entender o procedimento a ser tomado pelas vítimas.

 “A primeira medida é efetuar o registro de uma ocorrência junto a Polícia Civil para que seja efetuada investigação para identificar os responsáveis pelo perfil de fofocas, responsáveis pelas acusações e responsáveis pela exposição de outras pessoas. Até porque essa menina está sendo ameaçada. Mas, ela precisa registrar a ameaça porque se concretizada, a polícia já terá informação para investigar”, informou a advogada.

Foto: arquivo pessoal

Lia informou que depois de efetuar a denúncia e os autores identificados, a recomendação é alterada.

“Posteriormente, após identificar os responsáveis pelas fofocas, e, se houver lesão a honra e imagem vítima, ela pode entrar com Ação Indenizatória”.

Para que os responsáveis sejam punidos, é necessário realizar denúncia, e agora, as provas poderão ser coletadas pelas vítimas na palma da mão.

Seja com prints das ofensas, que poderão ser apagadas a qualquer momento pelos autores ou, então, pelo registro das conversas em cartório.

“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e e a imagem das pessoas, assegurado houver violação a sua honra e intimidade, é assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Reza a Constituição Federal em seu Artigo 5°”, lembra.

Outros exemplos

Até mesmo quem divulgar informações pessoais, trocadas via redes privadas, sem autorização poderá ser punido. Isso porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a divulgação de capturas de tela de conversas do aplicativo WhatsApp sem autorização judicial ou consentimento dos participantes é passível de indenização, caso configurado dano.

Os ministros reforçam que ao enviar as mensagens pelo aplicativo, o emissor não tem a expectativa que ela seja lida por terceiros ou divulgada ao público. Conforme informado, a decisão do STJ prevê manter a privacidade individual dos brasileiros, conforme trecho abaixo.

“Assim, ao levar a conhecimento público conversa privada, além da quebra da confidencialidade, estará configurada a violação à legítima expectativa, bem como à privacidade e à intimidade do emissor, sendo possível a responsabilização daquele que procedeu à divulgação se configurado o dano”.


Novos relatos

Mãe 1

Após alguns minutos de publicação, a equipe do Canguçu Online foi procurada pela mãe de outra vítima, ela relatou que sua filha de 14 anos também sofreu com o ocorrido. Confira seu depoimento.

“Boa tarde. Queria só fazer um relato sobre os grupos de fofocas. Eu precisei entrar com medida, registrar o BO, minha filha de 14 anos vinha sendo vítima de injúrias, exposição, difamação. Além do crime de falsa identidade, às praticas são chamadas de Cyberbulling.

Trazendo prejuízos não só à imagem, mas a saúde psicológica, onde essa estava se recusando a sair pra rua e falando em suicídio, o fato agravou problemas psicológicos que já vínhamos tentando tratar.

Gostaria de pedir aos demais que vem sofrendo com esse problemas que fizessem seus registros, e para que os pais estejam atentos aos conteúdo, pois durante o atendimento na polícia civil, fui orientada a em entrar em contato com outras vítimas para que registrassem também, de modo que isso reforçasse a necessidade de uma investigação, já que existem maiores de idade envolvidos com a publicação de conteúdo, inclusive abusivos”, relatou a mãe.

Mãe 2

Uma outra mãe entrou em contato, após uma hora de publicação da reportagem, e deixou seu relato. “Boa tarde. Sobre as exposições nas páginas de fofoca, minha filha também já foi exposta a absurdos, a gente começou a denunciar a página, desde então, começou a surgir várias outras páginas de fofoca”.

Mãe 3

“Olá. Hoje me deparei com uma situação semelhante envolvendo o nome da minha filha nesses grupos do insta, nem sabia que existia grupos com finalidade de difamação e ameaças! Minha filha de 12 anos estava sendo vítima de tais acontecidos e coincidentemente leio no blog que não é só com minha filha que está acontecendo isso. Esses grupos precisam ser acabados já”, afirmou a terceira mãe que procurou o Canguçu Online.